Viticultura e Fruticultura: manutenção do solo e enrelvamentos

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Por Estação de Avisos Entre Douro e Minho

O IPMA prevê que as condições meteorológicas excecionais que têm decorrido, se mantenham mais alguns dias.

O tempo quente e a chuva entretanto caída, apesar de pouca, contribuem para que seja ainda viável e oportuna a sementeira de cobertos vegetais ou enrelvamentos em vinhas e pomares.

As técnicas de manutenção do solo, de que fazem parte os enrelvamentos, visam criar as melhores condições para o desenvolvimento das plantas cultivadas, controlar as infestantes, prevenir a erosão, manter a humidade do solo, fixar nutrientes como o azoto, fixar e aumentar as populações de artrópodes auxiliares.

Estas técnicas podem dividir-se em dois tipos fundamentais:

Mobilização ou não-mobilização

Atualmente procura-se adotar uma mobilização mínima do solo e a sua cobertura, de preferência permanente, gerindo a vegetação natural, semeando enrelvamentos, cobrindo o solo parcialmente com estilha, plástico, etc..

À mobilização regular são apontados inconvenientes como sejam:

• destruição das raízes superficiais das árvores e videiras

• compactação do solo

• queda de folhas e frutos

• lesões nos troncos e ramos baixos, com a passagem das máquinas

• disseminação das infestantes vivazes

• favorecimento das infestantes anuais

• aumento da erosão

• destruição da matéria orgânica e da estrutura do solo.

As diversas práticas de não-mobilização incluem a aplicação de herbicidas em toda a superfície. As desvantagens da aplicação de herbicidas incluem:

• os custos

• contaminação das águas de superfície e subterrâneas

• perigo de fitotoxidade para as árvores

• aparecimento de resistências das infestantes aos herbicidas

• diminuição da biodiversidade e dos auxiliares

• compactação e erosão do solo.

A cobertura vegetal tem vindo a ganhar interesse como meio de conservação do solo e também pelo impacto positivo que tem no controlo natural dos diversos inimigos das culturas.

Esta opção tem duas modalidades – a manutenção do coberto vegetal de ervas espontâneas (flora residente) e a sementeira de uma ou mais espécies (enrelvamento). Um coberto natural pode ser complementado com a sementeira de uma ou mais espécies cultivadas, tal como se devem tolerar as infestantes que nascem no enrelvamento.

O enrelvamento deve cobrir o espaço da entrelinha, deixando o espaço da linha livre de ervas. O solo da linha pode ser mantido de preferência por limpeza mecânica ou cobrindo-o, por exemplo, com estilha de madeira ou palha traçada, que dificultarão o crescimento das infestantes. Em alternativa, pode ser aplicado anualmente um herbicida, de forma localizada e cuidadosamente.

Também se pode optar por enrelvar toda a superfície da cultura, enrelvar linhas alternadas com mobilização, etc.

Os enrelvamentos ou revestimentos, devem ser semeados de preferência no início do outono, procedendo a uma preparação cuidadosa do solo:

• lavoura pouco profunda, com grade de discos, por exemplo

• preparação cuidadosa da “cama” para as sementes

• sementeira

• passagem de rolo.

Podem ser utilizadas consociações de gramíneas e leguminosas (ferrãs, azevéns, trevos, serradelas), de preferência com sementes de variedades regionais ou locais, melhor adaptadas às condições naturais locais.

Está demonstrado cientificamente que o melhor enrelvamento ou revestimento permanente de vinhas e pomares consiste na sementeira e instalação de trevo-morango (Trifolium fragiferum). Esta espécie é adaptada a todos os tipos de solos e possui grande plasticidade na adaptação às condições climáticas de todo o país.

Podem também ser feitos enrelvamentos temporários, a semear no outono e a enterrar com mobilização de primavera.

Os enrelvamentos ou revestimentos temporários podem ser feitos por sementeira de leguminosas diversas, como, por exemplo, trevos anuais (Trifolium sp.) ou melilotos (Melilotus sp.), mais apropriados a solos alcalinos. Para solos ácidos podem utilizar-se, entre outras, trevos anuais, serradelas (Ornithopus sp.) ou tremocilhas (Lupinus luteus).

Estas leguminosas, semeadas como revestimento no outono, além de protegerem o solo da erosão durante o inverno, quando forem enterrados na primavera, fornecerão ao solo uma quantidade apreciável de azoto.

O enrelvamento, sendo corretamente instalado e mantido, pode prevenir e evitar o desenvolvimento de infestantes, melhora a estrutura do solo e contribui para a sua proteção e conservação. Estudos diversos mostram que a prática do enrelvamento ou revestimento do solo, contribui para a fixação e aumento das populações de insetos e ácaros auxiliares, com ação muito positiva na limitação de pragas das culturas.

O enrelvamento contribui também para a existência permanente de boas condições para a entrada das máquinas no terreno.

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