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Em 2000, Ingo Potrykus, Professor do Institute of Plant Sciences do Swiss Federal Institute of Technology (ETH), de Zurique, foi capa da edição da revista TIME que apelidava o arroz dourado como “um excelente exemplo de engenharia genética de plantas” como solução para um problema nutricional que afeta milhões de pessoas nos países em desenvolvimento. 19 anos depois, esta variedade de arroz geneticamente modificada vai começar a ser produzida no Bangladesh.
Esta é, segundo a comunidade científica internacional, a primeira vez que uma variedade transgénica será produzida por razões humanitárias. Esta variedade de arroz [Provitamin A Biofortified Rice Event GR2E] possui um gene novo que faz com que o arroz consiga biossintetizar betacaroteno, uma fonte de Vitamina A.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, estima-se que regiões subdesenvolvidas, 670 mil crianças com menos de cinco anos morram anualmente por não ingerirem vitamina A suficiente. Para além disso, estima-se que entre 250 mil e meio milhão fiquem cegas devido a esta deficiência.
Este arroz já tinha sido autorizado nos EUA, no Canadá, na Austrália e na Nova Zelândia, mas ainda não começou a ser produzido, contudo, esta semana o ministro da Agricultura do Bangladesh revelou que “um comité do ministro do Ambiente vai dar autorização para se produzir arroz dourado. Vamos poder iniciar o cultivo do arroz dois a três meses depois da autorização. O arroz dourado é mais importante do que as outras variedades de arroz, porque nos vai ajudar a combater as deficiências de vitamina A”.
“A maioria das pessoas do nosso país vive do arroz. Também não comem vegetais suficientes, pelo que a ingestão de vitamina A fica aquém do necessário. Quando o arroz dourado for produzido, a procura de vitamina A será satisfeita”, disse ainda o ministro.
A tecnologia para o desenvolvimento desta variedade está criada há vários anos, mas a oposição de várias associações de ativismo ambiental, como a Greenpeace, que fala de possíveis efeitos no ambiente e na saúde, tem atrasado o início da produção. De acordo com um estudo da Universidade de Cambridge, publicado em 2014, os atrasos na implementação da tecnologia já foram responsáveis [até à data] pela perda de 1,4 milhões de anos de vidas na Índia devido às deficiências de vitamina A que poderiam ter sido resolvidas com o arroz dourado.