Trioza erytreae: ciclo de vida e estragos em árvores de citrinos

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Por Nuno M. Carvalho & Ana A. Aguiar | GreenUP/CITAB-UP & DGAOT, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, Campus Agrário de Vairão

Foto: Nuno M. Carvalho

Introdução

O inseto Trioza erytreae, usualmente designado por psila africana dos citrinos, foi assinalado em 1994, na ilha da Madeira, e em 2014 em Portugal Continental, na cidade do Porto.

De referir que em 2014 foi detetada na Galiza (Espanha). Atualmente, em Portugal Continental, encontra-se ainda em fase de disseminação.

Os múltiplos avisos e recomendações, por parte de diversos organismos do Estado, revelaram-se ineficazes em impedir/reverter a disseminação do inseto. Assim, estamos perante uma nova praga, à qual o agricultor (ou jardineiro) terá de se adaptar.

Tratando-se de uma nova praga, são escassos os estudos em Portugal, no entanto atendendo à ‘violência’ dos ataques, e ser o potencial vetor de entrada de uma bactéria muito destruidora, estamos, pois, perante um novo elemento ao qual terá de ser dada a maior atenção, nomeadamente pelas elevadas perdas económicas que poderá provocar.

A relevância dos citrinos em Portugal e os impactos da Tryoza erytreae

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, existem em Portugal Continental e nas ilhas dos Açores e Madeira 16 930 ha de pomares de citrinos, estando no Algarve concentrada 68% da área de cultivo de citrinos.

A laranja é a espécie mais comum de citrinos produzida com 83%, seguida da tangerina com 12%, e do limão com 4%.

Em termos de quantidade de produção constata-se que desde 2008, com exceção de 2012, a produção de citrinos registou aumentos significativos, tendo atingido em 2017: 374 413 toneladas.

Entre 1988-1997 a produção média de citrinos foi de 226 mil toneladas, entre 1998-2007 a produção média de citrinos foi de 300 mil toneladas, e entre 2008-2017 a produção média foi de 284 mil toneladas.

A Trioza erytreae tem progredido para sul ao longo da costa, embora aparentemente nem sempre de forma contínua, como foi o caso do distrito de Lisboa e do distrito de Leiria. Para o interior do País o avanço é bastante mais notório a Norte do Rio Douro.

Ainda que a maior preocupação desta praga seja por ser um potencial vetor da bactéria floémica Candidatus liberibacter spp., agente causal de huanglogbing também denominado Greening, inscrita na lista A1 da EPPO, os estragos diretos que causa justificam que seja dada atenção a esta praga.

O Greening é considerado a doença mais devastadora em citrinos, sendo que, tanto quanto sabemos, a bactéria causadora desta doença não está presente na Península Ibérica.

A Trioza erytreae, alvo de estudo neste trabalho, tem como hospedeiros exclusivos as plantas da família das Rutáceas.

Os impactos da Trioza erytreae são múltiplos: na fisionomia da árvore; na produção; na eventual alteração da qualidade do fruto; nos efeitos secundários dos diversos tratamentos, nomeadamente inseticidas nos ecossistemas; nas práticas culturais (exemplo: necessidade de determinados viveiristas de citrinos terem de cobrir por completo os viveiros de citrinos); na relação da Trioza erytreae com outras pragas e doenças; etc.. Trata-se de uma questão complexa, com múltiplas variáveis, cujas eventuais consequências estão ainda numa fase de exposição muito preliminar.

(continua)

Nota: Esta é a primeira parte do artigo publicado na edição n.º 30 da Revista Agrotec, no âmbito do dossier Fruticultura.

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Fonte: Agrotec

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