Quase 500 produtores portugueses somam 2.720 hectares de vinhas em modo de produção biológico. O crescimento da procura dos consumidores tem sido superior ao da produção, que mais do que duplicou na última campanha.
Portugal já tem 2.720 hectares de vinhas em modo de produção biológico (MPB), que são trabalhadas por 490 produtores certificados. Apesar de marcar presença em todo o território nacional, a produção deste tipo de vinho tem maior expressão nas regiões Norte (Entre-Douro-e-Minho; Trás-os-Montes) e Centro (Beira Litoral; Beira Interior), seja em termos de área ou no número de operadores.
Com 1.063 hectares (39% do total) e 155 operadores, Trás-os-Montes é a região líder neste segmento biológico, seguida da Beira Interior: 762 hectares e 145 operadores.
A zona agrária associada aos vinhos verdes e durienses tem mais 12 agentes neste registo do que o Alentejo, mas são estes 55 produtores alentejanos que têm a terceira maior área de vinhas biológicas do país, com 448 hectares.
No extremo oposto estão os Açores com apenas um pequeno agricultor dedicado a este nicho de valor acrescentado.
Os dados mais recentes disponibilizados pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), referentes à campanha 2015/2016, mostram que, embora se tenha mantido estável a área e o número de operadores, a produção nacional de vinho biológico disparou para 20.099 hectolitros, mais do que duplicando a quantidade face à vindima anterior (8.302hl).
A maior parte destas uvas são matéria-prima para os vinhos tintos mais valiosos no mercado: com Denominação de Origem Protegida (DOP) e com Indicação Geográfica Protegida (IGP).
«Atendendo ao facto de a procura de produtos biológicos na Europa (incluindo Portugal) ter registado, nas últimas décadas, um ritmo de crescimento superior ao da produção, é expectável que a produção de vinho biológico em Portugal continue a evoluir favoravelmente, indo ao encontro das novas solicitações dos consumidores e valorizando o potencial exportador deste segmento de mercado», diagnostica o IVV no Anuário Vinhos e Aguardentes de Portugal 2017.
Os vinhos produzidos em MPB levam no rótulo um logótipo específico criado pela União Europeia e que inclui a identificação do país de origem.
Os operadores que produzam, preparem, armazenem, coloquem no mercado, importem ou exportem produtos em conformidade com as regras de produção biológica têm de se sujeitar ao controlo da atividade por parte de um organismo reconhecido e acreditado pelas autoridades dos diferentes Estados-membros.
Para facilitar as exportações, que em 2017 atingiram um novo máximo, e em particular o acesso dos vinhos biológicos aos mercados extra-comunitários, o bloco europeu tem vindo a estabelecer acordos de equivalência com países terceiros, em que «ambas as partes reconhecem como equivalentes as regras e os sistemas de controlo da produção biológica, fazendo-os reflectir nas respectivas normas internas».
O instituto público que, após a saída de Frederico Falcão é liderado transitoriamente pelo antigo vice-presidente Francisco Toscano Rito, sublinha ainda que alguns destes entendimentos, como os que foram firmados com os Estados Unidos da América ou com o Canadá, são inclusive específicos para os vinhos biológicos, que a partir de 2021 terão de obedecer a um regulamento específico (2018/848) que acaba de ser aprovado a nível europeu.
Áreas e produtores biológicos por região agrária
Entre-Douro-e-Minho: 170 hectares (ha) – 56 operadores
Trás-os-Montes: 1.063 ha – 155
Beira Litoral: 127 ha – 31
Beira Interior: 762 ha – 145
Ribatejo Oeste: 135 ha – 34
Alentejo: 448 ha – 44
Algarve: 10 ha – 11
Açores: 1 ha – 1
Madeira: 4 ha – 13
Fonte: Negócios