É paradoxal o sector frutícola português!
Texto: Bernardo Madeira
Da lista dos 39 principais frutos produzidos em Portugal, todos apresentam resultados negativos ou muito negativos em termos de comércio com o exterior.
Apenas 12 apresentam saldo positivo ou neutro. De entre estes 12, temos a Pêra, que mantém o segundo lugar em valor das exportações, e a ameixa, que este ano, excecionalmente, conseguiu ter um balanço positivo acima de um milhão de euros, de todos os outros, os grandes contribuintes para o sucesso são exclusivamente Pequenos Frutos.
Embora também sejam alguns frutos pequenos que mostram resultados ruinosos, como o morango, a cereja e a uva de mesa, os resultados devem obrigar-nos a uma profunda meditação para que o caminho vá melhorando transversalmente e nos preparemos para os dias menos bons.
1 – Intervenção nos hábitos de consumo (tornando o consumidor mais seletivo para o morango nacional e, na impossibilidade, alterar por outros frutos nacionais). Em 2017 notou-se, por exemplo, uma franca redução das importações de cereja, e até aumento da exportação nacional!
2 – Importância de dar mais atenção na proteção do sector dos Pequenos Frutos que tem crescido graças a uma boa auto-regulação, mas anárquica, com muito dinheiro público autenticamente desperdiçado, e sem uma estratégia nacional de investigação ou organização.
3 – Criação de mecanismos impulsionadores do crescimento das produções mais deficitárias. Geralmente através de incentivos às cadeias logísticas, criação de RegieCooperativas, medidas que geralmente ajudam a catapultar os produtores para o investimento.
Os dados finais, embora ainda provisórios, do ano de 2017, mostram um pouco mais do mesmo que veio sucedendo em outros anos. A framboesa destaca-se de forma patológica em termos de valor de exportações. Mais uma vez, não fosse o seu contributo para a nossa balança comercial e o cenário seria muito negro.
O crescimento das exportações tem vindo a ser muito interessante em alguns frutos que foram impulsionados no final do PRODER, Framboesa, Mirtilo, Kiwi, são os mais notáveis.
As novidades para 2018 serão, certamente, o maracujá, que está a receber muita atenção por parte de horticultores, que investem nesta cultura de baixo investimento e modesta manutenção e cujo sabor está a conquistar a Europa, a que se adiciona a baga de Goji, que parece ter finalmente encontrado o equilíbrio para a profissionalização. É natural que nos próximos anos estes frutos venham a surgir nas estatísticas, em virtude da área plantada se estar a expandir.
No balanço de 2017 merece também menção a Amora (silva), uma vez que conseguiu expandir bastante os volumes produzidos, resultado da entrada das novas variedades remontantes, com destaque para a recordista de vendas PrimeARk45.
Em termos de cotações, os primeiros meses do ano de 2018, pela falta de fruta, apenas merecem que se mencione o preço da framboesa que se manteve em linha com o dos anos anteriores, portanto, continua a ser atrativo e rentável produzir na zona Sul de Portugal no Inverno. Em sinal desalinhado está o morango. Muito bem cotado o morango de boa qualidade, das melhores variedades, não necessariamente dos maiores calibres, e muito depreciado o morango corrente, sobretudo deprimido pela segunda categoria que entra em Portugal oriundo de Espanha, mas não é novidade!
Nota: Artigo publicado na edição n.º 22 do Suplemento Pequenos Frutos, publicado com a Revista Agrotec 26.
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