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Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro está a estudar uma solução para acabar com a utilização de herbicidas nas vinhas: rebanhos de ovelhas que circulam livremente para limparem os terrenos de vegetação infestante. Para isso criaram uma coleira eletrónica que, quando colocada nos animais, faz com que ovinos e caprinos se concentrem nas ervas daninhas e que deixem frutos, folhas e ramos de videiras e árvores.
De acordo com a Universidade de Aveiro, “o método oferece grandes vantagens não só aos produtores, como ao meio ambiente: elimina o uso de herbicidas para queimar ervas infestantes, os terrenos deixam de ter a necessidade de serem arados várias vezes por ano e a fertilização dos solos passa a ser feita de forma natural. Evita ainda que os resíduos dos herbicidas possam contaminar os frutos e o vinho, como acontece atualmente, apesar dos cuidados dos produtores. E porque todos estes processos são realizados por máquinas agrícolas, o suprimento destas permitiria poupar nos combustíveis fósseis.”
Esta tecnologia foi desenvolvida no âmbito do projeto SheepIT por docentes da Escola Superior de Tecnologia de Águeda, do Departamento de Eletrónica Telecomunicações e Informática e do polo do Instituto de Telecomunicações (IT) da Academia de Aveiro, e inclui uma coleira eletrónica acoplada ao pescoço dos animais que tem como função a monitorização e condicionamento da respetiva postura corporal.
Pedro Gonçalves, um dos investigadores envolvidos no projeto, explica que “a coleira emite um conjunto de avisos sonoros de forma a avisar o animal que excedeu a altura máxima calibrada. Os sons antecedem a emissão de estímulos eletrostáticos que incomodam o animal sem lhes causar qualquer tipo de dor. Ao fim de muito pouco tempo os animais começam a evitar a postura infratora quando ouvem o som” , deixando as videiras e as árvores de fruto e dedicando-se exclusivamente à pastagem do solo.
De acordo com o investigador, a utilização de animais no controlo do crescimento vegetacional , tem vindo a ser abandonado devido ao surgimento de máquinas agrícolas e herbicidas. Contudo, explica Pedro Gonçalves, “com o aumento da preocupação ambiental e das necessidades das empresas vitícolas do Douro, onde a mecanização dos processos é muito difícil devido ao relevo, o interesse voltou a surgir”.