Comunicar e promover um produto que, à partida é indiferenciado, não é ‘pera doce’, mas é essencial. Que estratégias se devem adotar num mercado cada vez mais sobrecarregado com concorrência? Alda Benamor, Diretora Geral da agência PLUG More e consultora da IFE na área da Comunicação dá algumas dicas.
Em primeiro lugar, como é que se consegue marcar a diferença com um produto agrícola, que à partida é indiferenciado em relação aos restantes que existem no mercado? A comunicação de produto é vital, ou não?
A comunicação é sempre vital, independentemente da área de negócio de que estamos a falar. Neste caso, e tendo em conta que nos referimos a produtos alimentares – e que, logo, levantam diversas questões junto do consumidor – a comunicação é ainda mais essencial, carecendo de uma abordagem estratégica e bastante concertada que permita desmistificar dúvidas, explicar processos de produção e fabrico e índices de qualidade. Sem comunicação, um produto indiferenciado diminui ainda mais as suas potencialidades de promoção e de alcance do público-alvo, pelo que é muito importante que se aposte, então, numa política comunicacional que permita divulgar os eixos da marca e a segmentação do produto.
Que tipo de estratégias de comunicação e marketing são mais eficazes neste tipo de produtos?
Depende bastante do tipo de produto e de mercado em causa. Um azeite, por exemplo, carece de estratégias distintas de um vinho. O ponto de partida será sempre a análise profunda e detalhada do setor, do público-alvo, da concorrência e do posicionamento do produto para, então, se poder definir uma política de comunicação em linha com as expectativas do mercado e com os objetivos comerciais e estratégicos da marca.
Até que ponto é que as recomendações por parte dos chamados ‘influencers’ ou ‘opinion makers’ podem ajudar a comunicar/promover um produto agrícola? Os blogs já são tão importantes para este setor como são para outros?
Os opinion makers, como os blogues, são cada vez mais importantes para as marcas e os produtos agrícolas não são exceção nesta realidade. No entanto, a estratégia de comunicação não se deve limitar a disparar indiferenciadamente a informação a este alvo. É preciso perceber muito bem o perfil de cada líder de opinião, a sua orientação editorial e o público que atinge, para se poder segmentar e abordar de forma eficaz este target.
Que tipo de informação é que se deve passar ao consumidor? Será que explicar, por exemplo, como é que funcionam os processos de produção ajuda a promover o produto? Ou depende do público-alvo?
O tipo de informação a divulgar deve seguir sempre um encadeamento estratégico e diferenciado. É essencial que as marcas apostem em duas vertentes comunicacionais: a corporativa e a comercial, em que o enfoque está normalmente no produto. Fundamentar a comunicação com temas como os processos de produção e as políticas de qualidade torna-se essencial para se conseguir a base de sustentação para a marca. Mas depende realmente do público-alvo, daí que a comunicação deva ser sempre segmentada – em termos de conteúdos, tons e alvo.
Que estratégias se podem usar nas redes sociais para melhorar a notoriedade de um produto agrícola?
As redes sociais são uma das principais e mais importantes ferramentas de comunicação para a maioria das marcas – e temos bons exemplos de produtos agrícolas que as aproveitam de forma bastante eficaz para chegar aos seus públicos-alvo. A questão está na forma como é feita a gestão das redes sociais, já que cada plataforma tem as suas especificidades, exigências e necessidades. No fundo, é como dita a velha máxima de que ‘para fazer mal, é melhor não se fazer’. Se a marca tiver conhecimentos das políticas de gestão de redes sociais ou se confiar em parceiros que o assegurem de forma eficaz, este pode ser, de facto, um dos melhores caminhos para se obter bons resultados para a imagem, para a reputação e para o dinamismo comercial de um produto agrícola.