A Rede de Rega das Baixas de Óbidos, um investimento de 28 milhões de euros, deverá começar a funcionar em setembro deste ano, 40 anos depois de iniciado o projeto que irá servir cerca de 900 agricultores.
«O Bloco de Óbidos está em condições para começar a regar em setembro de 2018», disse à Lusa o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, durante uma visita à obra da Rede de Rega das Baixas de Óbidos.
De acordo com o autarca, nessa data estarão «prontos a funcionar as condutas e os hidrantes, que integram a rede com mais de 50 quilómetros, bem como a estação elevatória e o título habilitante da utilização da água em relação ao qual só falta uma vistoria ao talude», após o que será possível «abrir as torneiras e começar a regar».
A rede de regadio das baixas de Óbidos representa um investimento de 28 milhões de euros, dos quais 22,2 milhões comparticipados pelo Programa de Desenvolvimento Regional (PRODER).
O projeto servirá cerca 900 agricultores das freguesias da Amoreira e do Olho Marinho, no concelho de Óbidos, e do Pó e da Roliça, no concelho do Bombarral.
A obra desenvolveu-se em duas fases, a primeira das quais a construção de uma estação elevatória que filtrará a água para a rega, e que se encontra já em construção.
A segunda fase respeita à construção de 50 quilómetros de tubagem por onde passarão 5,5 milhões de metros cúbicos de água, que irrigarão 750 hectares de parcelas agrícolas do concelho de Óbidos e 450 hectares do concelho do Bombarral.
Com o bloco de Óbidos prestes a ser concluído, seguir-se-á o Bloco da Amoreira, atualmente em «fase de análise de propostas» estimando o autarca que «em meados deste ano se esteja em condições de fazer a consignação da obra», que só em 2019 estará pronta a regar.
A entrada em funcionamento da rede de rega vai conduzir a «mais do que uma duplicação» da capacidade produtiva dos terrenos, estimou Humberto Marques, explicando que «um terreno hoje que não é regado e que em média produz cerca de 12 toneladas por hectare com rega facilmente vai acima das 30 toneladas».
Uma subida que não se refletirá «na duplicação dos rendimentos dos agricultores, porque na passagem de um sequeiro para um regadio há também um aumento de custos», mas, ainda assim, a expetativa de Humberto Marques é que o regadio traga um crescimento de ganhos «na ordem dos 50 a 60 por cento».
A rede de rega irá sobretudo beneficiar pomares e culturas hortícolas, mas, segundo Humberto Marques, poderá resultar «numa diversificação de culturas», especialmente em «nichos de mercado que podem ir do figo da índia, romã» ou até «no setor da vinha, mais ligado a conceitos culturais e de ligação ao turismo e outros setores da atividade económica».
As vantagens do regadio foram também enaltecidas por José Diogo Albuquerque e Amândio Torres, ex-secretários de Estado que enquanto governantes negociaram fundos para a execução da rede, que começou a ser projetada em 1977.
Na década de 80 foram desenvolvidos estudos prévios e elaborados projetos para o aproveitamento hidroagrícola das baixas de Óbidos, terrenos agrícolas que se estendem desde a muralha do Castelo aos limites do concelho.
Em 1995 foi feito um estudo para o emparcelamento e um estudo de impacto ambiental do projeto e em 2000 é iniciada a Barragem do Arnoia, destinada à retenção de água para servir a rede de rega.
Porém, apesar de a barragem estar concluída desde 2005, o investimento de 6,5 milhões de euros está até agora desaproveitado, aguardando a conclusão da rede que só em 2014 foi candidatada ao PRODER e em 2016 consignada a obra.
Em outubro de 2016 foi finalmente adjudicada a rede de rega considerada pelos dois ex-governantes que hoje visitaram a obra, «um passo fundamental» na expansão do regadio em Portugal.
Fonte: Lusa