Os produtores de porco alentejano querem valorizar a raça através da venda para mercados externos, mas consideram que as mais-valias dependem muito da instalação de indústrias transformadoras em Portugal.
A ANCPA- Associação Nacional dos Criadores de Porco Alentejano vai assinalar o Dia do Porco Alentejano dia 2 de setembro, com uma conferência comemorativa dos 25 anos de atividade, onde vai debater o presente e o futuro do setor.
Estima-se que existam em Portugal cerca de 50.000 porcos de montanheira, criados em regime extensivo nos montados e alimentados a bolota.
De acordo com a ANCPA, a crise económica originou um decréscimo da produção e o máximo histórico de 7.000 porcas reprodutoras, em 2007, não voltou a ser atingido. No entanto, desde 2013 que se assiste a uma recuperação do efetivo e, em 2015, estavam registadas 6.500 porcas em Portugal, das quais 4.000 nas explorações dos associados da ANCPA. Pedro Bento, secretário-geral desta associação, refere que “o principal desafio dos criadores é tornar as explorações mais competitivas em três eixos principais: diferenciação – produzir o que é mais valorizado no mercado e que outros não produzem-, rentabilidade –através da diminuição dos custos de produção, ajustando o efetivo aos custos fixos e aos recursos endógenos (montado) da exploração -e eficiência –aumentar a performance técnica, valorizando mais cada recurso utilizado”, revela.
A associação ressalva ainda que os produtores de Porco Alentejano estão fortemente dependentes da indústria espanhola, que compra 95% do porco português de montanheira para transformação em presunto e paleta, com selo de origem espanhola. O que significa que a valorização do produto fica do lado de lá da fronteira, por falta de unidades de transformação em Portugal: “Há que fomentar a industrialização do setor em Portugal, o desenvolvimento da fileira também depende da geração de valor cá dentro e da conquista de novos mercados externos que valorizem os produtos derivados do Porco Alentejano”, defende Pedro Bento.
Os criadores desta raça reclamam medidas favoráveis ao fomento e desenvolvimento da atividade: “as ajudas são importantes para dar consistência às nossas explorações e ao modo de produção extensiva, porque vivemos uma conjuntura de preços muito voláteis e a atividade apresenta períodos muito longos de retorno dos investimentos efetuados”, explica o secretário-geral da ANCPA.
Por sua vez, Luís Bulhão Martins, Presidente da ANCPA, e criador de Porco Alentejano, afirma que “este setor tem sido muitas vezes ignorado, mas, dada a expressão territorial do montado e a perfeita sintonia com a exploração do porco alentejano, a ANCPA acredita e tem vindo a procurar fomentar o seu desenvolvimento, envolvendo toda a fileira e procurando sensibilizar os governos para a necessidade de uma maior integração nas politicas agrícolas como, aliás, é comum nos sistemas mais extensivos, de maior valor natural ou que melhor valorizam os recursos naturais portugueses”.