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A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) e a Associação dos Jovens Agricultores do Distrito do Porto (AJADP) realizaram no passado dia 23 de novembro, em Vila do Conde, o ‘1º Colóquio Nacional do Leite’.
De acordo com a organização, na primeira edição da iniciativa estiveram reunidos cerca de 300 produtores, técnicos e especialistas, nomeadamente Miguel Freitas, Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural que durante a sessão de abertura sublinhou que o setor leiteiro deve “adotar um novo posicionamento estratégico para a internacionalização” como forma de sair do ciclo vicioso de preços baixos à produção.
Para o Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, “temos de dar o nosso contributo, com fundos mutualistas onde todos contribuam de forma equitativa para a internacionalização do setor. O próximo Quadro Comunitário de Apoios será uma grande oportunidade”.
A falta de rejuvenescimento do setor foi outro dos temas em destaque. Marisa Costa, jovem produtora de leite e membro da direção da APROLEP, explicou que “os jovens não têm estabilidade financeira de longo prazo para investir, a submissão dos projetos de investimento (ao PDR2020) é complexa e os pagamentos demorados”.
A entrada da Grande Distribuição na produção de leite, com a aposta da Jerónimo Martins na produção de bovinos de carne e de leite, assim como a recente compra direta do leite por parte do grupo JM a produtores na bacia leiteira do Minho, esteve também em debate.
José Campos, representante da Agros, defendeu que “todos são bem-vindos desde que acrescentem valor à produção e mais tarde não abandonem os produtores, como já aconteceu com outras experiências”. Já Marisa Costa, que considera positiva a chegada de um novo comprador, deixou, no entanto, um alerta: “os produtores que queiram mudar de comprador devem salvaguardar-se e ler os contratos com muita atenção”.
“Não queremos viver de ajudas públicas”
Já Erwin Shopges, Presidente da Associação Europeia de Produtores de Leite (EMB) e da cooperativa belga Faircoop, partilhou a história desta cooperativa que criou em 2010 uma marca própria de leite e laticínios – ‘Fairebel’ – com o objetivo de obter uma remuneração mais justa ao produtor. Em oito anos passou de 800 mil para 10 milhões de litros de leite justo vendido na Bélgica, graças a uma forte campanha de marketing junto do consumidor final.
“Não queremos viver de ajudas públicas, queremos viver da produção de leite. É preciso que o preço do leite cubra os custos de produção, incluindo um salário justo para o agricultor. Apelo às associações portuguesas que se juntem a nós para mudarmos a política europeia, implementando mais projetos de leite justo na Europa e um programa de responsabilidade do mercado”, afirmou Erwin Shopges.