Os produtores de carne de porco deverão aumentar a faturação em 2017 para 600 milhões de euros, graças à subida do preço médio, apesar do decréscimo da produção, divulgou esta terça-feira a Federação Portuguesa de Associações de Suinicultura.
A Federação Portuguesa de Associações de Suinicultura (FPAS) estima que o setor deverá faturar 600 milhões de euros este ano, depois de ter fechado 2016 com 540 milhões de euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da própria Federação divulgados à agência Lusa.
Enquanto em 2016 os produtores venderam a carne ao preço médio de 1,30 euros por quilograma, esse valor aumentou para 1,56 euros em 2017.
«Houve uma diminuição do número de animais nas explorações e assistiu-se ao retomar das exportações para a China por parte de matadouros espanhóis e alemães, o que contribuiu para escoar carne para fora do mercado europeu, o que beneficiou Portugal», justificou à Lusa o vice-presidente da FPAS, David Neves.
Segundo o INE, entre janeiro e agosto foram abatidos 3,56 milhões de animais, abaixo dos 3,75 milhões do período homólogo do ano anterior.
Neste segundo semestre de 2017, adiantou o dirigente, o setor assistiu a uma inversão da tendência de crescimento que se vinha a registar desde há um ano, com uma nova descida dos preços, explicada pelo decréscimo das exportações da Europa para a China.
Os chineses optaram por importar carne dos países da América do Norte e do Sul, em resultado da valorização do euro face ao dólar, contribuindo para um aumento da oferta no mercado europeu, refere.
Não sendo Portugal autossuficiente na produção de carne e porco, importa 35 a 40 por cento da carne de porco que consome, a produção é absorvida pelo mercado nacional e apenas cinco por cento é exportada.
A possibilidade de vir a aumentar a produção para reduzir as importações de carne de porco e a expectativa da abertura de novos mercados de exportação, como a China, levam o setor a preparar-se para um potencial crescimento.
«É mais fácil investir na reestruturação das explorações do que na construção de novas face à carga burocrática nos processos de licenciamento», alertou David Neves.
Em junho, a FPAS lançou o projeto “porco.pt”, selo de certificação para a carne de porco português, que veio trazer aos consumidores o rótulo sobre o país de origem da carne, para combater os dois últimos anos de crise que levou os suinicultores aos protestos.
Cinco meses depois, «o consumidor está a reconhecer a qualidade da carne, está a fidelizar-se ao produto e tem havido um crescimento da procura e das vendas», concluiu o vice-presidente da FPAS, sem possuir, contudo, dados que o demonstrem.
O projeto conta com cerca de 50 empresas aderentes, cerca de 400 explorações e quatro milhões de porcos, equivalentes a um terço da produção nacional.
O número de animais abatidos para o mercado tem vindo a aumentar desde junho, cerca de 14 mil nos primeiros cinco meses, e o setor tem como objetivo duplicar as vendas em 2018.
A FPAS vai realizar em 24 de novembro, em Torres Vedras, a II Gala Porco d’Ouro, na qual vai distinguir as explorações que se destacaram em 2016 pela produtividade numérica, taxa de partos e leitões desmamados.
Estão nomeadas 76 explorações, 29 das quais vão ser premiadas, quando em 2016 foram nomeadas 30 e premiadas 11. «Quando comparamos os dados de produtividade, temos melhores performances do que os nossos vizinhos espanhóis, que são líderes de mercado», concluiu.
Fonte: Lusa