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O sistema alimentar esteve em debate na semana passada no FISAS, em Idanha-a-Nova, onde representantes de 15 países, provenientes de quatro continentes se juntaram com uma preocupação comum: como promover uma transição para sistemas alimentares sustentáveis, permitindo cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e chegar a um futuro sustentável.
Na sessão inaugural do Fórum Internacional Territórios Relevantes para Sistemas Alimentares Sustentáveis (FISAS), no dia 18 de julho, o ainda diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, depois de referir os números do relatório entregue à ONU no dia 15 de julho – onde se confirma a subida de pessoas com fome, de obesos e de insegurança alimentar – sublinhou que “o problema não é a falta de alimentos, já produzimos mais do que o suficiente, o problema é o acesso a estes alimentos”.
José Graziano da Silva frisou ainda que “temos de produzir comida saudável, com solos, sementes e práticas agrícolas saudáveis” e considerou que a solução está no desenvolvimento de políticas públicas adequadas, “adiantando que “os sistemas alimentares que temos não foram desenhados para produzir dietas saudáveis, mas para vender produtos processados”.
O diretor-geral da FAO defendeu a criação de políticas públicas adequadas para a promoção da agricultura sustentável, da agroecologia e do acesso a alimentos saudáveis por toda a população. Como exemplos, citou a política que promove as compras públicas de alimentos provenientes da agricultura familiar, iniciada no Brasil e já implementada em dezenas de países; a rotulagem clara dos alimentos, como tem sido feito no Chile; e a taxação de alimentos não saudáveis uma vez que, a longo prazo, estes acabam por onerar os sistemas públicos de saúde.
O responsável anunciou ainda que a FAO apoiará um programa de cooperação para a criação do Centro de Competências para a Agricultura Sustentável na CPLP, a ser sediado em São Tomé e Príncipe. Segundo José Graziano da Silva, esta iniciativa é uma forma de “abrir uma janela na catedral da Revolução Verde, para plantar a ideia de que um modelo novo e mais sustentável e responsável de produção e consumo é possível. A Revolução Verde foi capaz de prevenir a fome na década de 1970, mas atingiu seus limites e é hora de implementar diferentes modelos para combater a crescente fome e a obesidade que o mundo sofre”, concluiu.
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Fonte: Vida Rural