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Portugal subiu ao 66º lugar do ranking mundial em termos de pegada ecológica per capita, uma subida de sete posições face a 2016, último ano em que a organização ambientalista WWF fez a análise. De acordo com a associação, apesar da melhoria, Portugal precisa de se tornar mais sustentável, uma vez que atualmente ainda precisa de 2,19 planetas para manter o atual estilo de vida.
Ângela Morgado, diretora executiva da Associação Natureza Portugal, que trabalha com a ambientalista WWF, defende que ”os portugueses têm de ter um estilo de vida mais sustentável, sob pena de se verem afetados não por uma crise económica, mas por uma crise ecológica sem precedentes que põe em risco a sua vida, a dos seus filhos e netos”.
“Está na altura de mudar. Já não podemos adiar. A ligeira descida da pegada ecológica dos portugueses foi reflexo da crise económica, que criou uma oportunidade para os portugueses terem comportamentos mais amigos do ambiente. Agora é necessário continuar com um estilo de vida que tem menor impacto no Planeta fora de situações de crise”, acrescenta ainda.
Os dados agora divulgados mostram que o carbono, que em 2014 representava 57% da pegada ecológica dos portugueses, e que em 2004 correspondia a 63% do valor total, foi a componente que mais decresceu nesta última análise, o que está “associado ao consumo, mas também à alteração das fontes de produção de energia nacional, fruto da aposta nas energias renováveis”.
Para além disso, o relatório analisa especificamente a importância dos polinizadores, que são responsáveis por 235 a 577 mil milhões de dólares em produção agrícola por ano, e como um clima em mudança, práticas agrícolas intensivas, espécies invasoras e doenças emergentes têm impactado a sua abundância, diversidade e saúde. “A natureza tem sustentado e alimentado silenciosamente as nossas sociedades e economias há séculos, e continua a fazê-lo hoje. Em troca, o mundo continuou a considerar a natureza e os seus serviços como algo natural, deixando de agir contra a perda acelerada da natureza. É hora de percebermos que um futuro saudável e sustentável para todos só é possível num planeta onde a natureza prospera e florestas, oceanos e rios estão cheios de biodiversidade e vida”, defende Marco Lambertini, diretor-geral da WWF Internacional.
“Precisamos de repensar com urgência como usamos e valorizamos a natureza – culturalmente, economicamente e nas nossas agendas políticas. Precisamos de pensar na natureza como bela e inspiradora, mas também como indispensável. Nós – e o planeta – precisamos de um novo acordo global agora”, conclui.