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Portugal está a exportar mais hortofrutícolas e 2019 é um ano de recuperação de níveis de crescimento. De janeiro a agosto, as vendas de frutas, legumes e flores cresceram 9%, um número que vai ao encontro da média de crescimento entre 2010 e 2017, e que contraria o crescimento ligeiro de 2% em 2018.
Estes números “indicam-nos que no final do ano devemos voltar à normalidade da última década, ao crescimento a que estávamos habituados”, revela Gonçalo Andrade, presidente da Portugal Fresh, no âmbito da presença da comitiva portuguesa na feira internacional Fruit Attraction, em Madrid. E avança as explicações para a performance mais modesta o ano passado: “em 2018 vínhamos de uma seca prolongada, houve muito calor na Europa e esse fator prejudicou imenso a nossa precocidade face a latitudes no norte da Europa. Houve países em que a coincidência do inico da produção foi quase igual à nossa, e isso prejudicou muito o valor dos nossos produtos e influenciou o valor das exportações”, frisa.
Já há efeito Brexit…
Mas temos capacidade para continuar a crescer? Sim, diz Gonçalo Andrade, em especial nos mercados mais próximos: “Se olharmos para Espanha, nos últimos quatro anos tem representado 30% das nossas exportações, e de janeiro a agosto de 2019 continua a pesar 30%. São 450 milhões de euros em termos de impacto anual. Nos próximos anos, provavelmente, o crescimento é para continuar e não deverá ser complicado passar os 500 milhões de euros, até porque a vinda do principal retalhista espanhol para Portugal, a Mercadona, que tem 25% de quota de mercado em Espanha, vai permitir um conhecimento dos nossos fornecedores por parte deste retalhista muito mais detalhado. Ao perceber a nossa qualidade de serviço e dos produtos seguramente que as nossas exportações vão ser beneficiadas”.
A França continua como segundo mercado, mas há mexidas no top5. O Reino Unido troca com a Holanda e passa para 4º lugar (recordamos que são números de janeiro a agosto) o que pode ser explicado como um primeiro efeito Brexit: “Se olharmos para os últimos quatro anos o Reino Unido vem sempre com um peso superior à Holanda e agora desce. Sim, pode ser uma consequência da instabilidade provocada pelo Brexit…”.
Já a Alemanha consolida a 5ª posição, um país que em 2014 estava no 9º lugar da tabela dos principais mercados de exportação e que tem um crescimento considerável. Gonçalo Andrade alerta ainda para o facto de as exportações para a Holanda terem uma leitura mais profunda: “embora seja um mercado que está sempre nos cinco primeiros lugares, nem sempre é o destino final, porque a Holanda serve de entreposto logístico para muitos mercados como a Alemanha e muitos países nórdicos”, adverte.
Em mercados mais longínquos, a Portugal Fresh considera que ainda há muito trabalho a fazer. Abrir mercados é positivo, “mas só vamos conseguir ter uma quantidade expressiva nesses mercados depois de se fazer um trabalho de promoção adequado e de dar a conhecer aos consumidores os nossos produtos. Caso contrário serão quantidades muito insignificantes”.
A nova ministra
A presença da Portugal Fresh na Fruit Attraction aconteceu poucos dias depois de conhecida a nova ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, e da nomeação do novo secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Nuno Russo. Como reagiu o setor das Frutas, Legumes e Flores a estas mudanças? “Tenho de confessar que quando tive a notícia da divisão dos ministérios fiquei algo receoso… Portugal é um país pequeno e precisa de escala para promover. Estamos sempre a tentar criar sinergias entre as nossas empresas, a querer ter mais força política e empresarial para ter uma voz mais ativa e quando começamos a dividir isso preocupa-me. Tínhamos um ministério da Agricultura que politicamente já não era muito forte, não era dos mais estratégicos, mas era da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Ao começarmos a esvaziar o ministério, a Floresta a sair para o Ambiente, e a ficar a chamar-se apenas Ministério da Agricultura e com o anúncio da criação de um Ministério da Coesão Territorial, todos comentávamos onde iria ficar o Desenvolvimento Rural. E se iríamos ter três ministros a negociar a nova PAC… Entretanto recebi a notícia do novo secretário de Estado e fiquei super agradado com a inclusão da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural”, conclui Gonçalo Andrade que não conhece a nova ministra, e por isso não comenta, mas acredita que Nuno Russo pode ser um elemento agregador para o setor.
Exportações Frutas, Legumes e Flores
2019 jan/agosto | 2018 jan/agosto | Variação % | |
TOTAL |
1 015 202 498 € |
928 963 970 € |
9% |
TOP 5 principais mercados
Principais destinos | jan/agosto 2019 | Peso sobre o total |
Espanha | 283 | 28% |
França | 137 | 13,5% |
Holanda | 108 | 10,6% |
Reino Unido | 96 | 9,5% |
Alemanha | 77 | 7,5% |
Em valor; Milhões de euros
Fonte: INE/Portugal Fresh (Dados de 2018 provisórios; dados de 2019 preliminares)
*a jornalista viajou para Madrid a convite da Portugal Fresh
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Fonte: Vida Rural