O Ministério da Agricultura apresentou, a 15 de maio, em Elvas, num evento que reuniu mais de 350 agricultores, a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, que prevê 20 medidas, a implementar até 2022, com vista a tornar o país menos dependente da importação de cereais, estratégicos para a soberania alimentar de Portugal.
«Temos que criar as condições para que a cerealicultura em Portugal venha a ocupar o espaço que entendemos que deve ter. Estamos a trabalhar para que a esmagadora maioria das 20 medidas da Estratégia seja consolidada numa Resolução do Conselho de Ministros», afirmou o Ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, presente no Dia do Agricultor, celebrado no INIAV, em Elvas, onde a Estratégia foi apresentada.
O objetivo da Estratégia é atingir um grau de autoaprovisionamento em cereais de cerca de 38% – correspondendo 80% ao arroz, 50% ao milho e 20% aos cereais praganosos.
Portugal apresenta atualmente um dos mais baixos níveis de auto-aprovisionamento do mundo (cerca de 25%).
Luís Souto Barreiros, coordenador do grupo de trabalho que definiu a Estratégia, destacou algumas das 20 medidas previstas: a criação da marca “Cereais de Portugal”; a constituição de uma Organização Interprofissional e de uma Agenda de Inovação para o setor e a promoção da capacitação técnica das organizações de produtores de cereais, com vista a aumentar a transferência de conhecimento para os agricultores.
Este documento contou desde a primeira hora com o envolvimento da Anpoc, Anpromis e AOP, em representação dos produtores de cereais. «A nossa vontade é que este seja um documento para levar à prática e que contribua para equilibrar a balança comercial alimentar em Portugal», referiu José Luís Lopes, presidente da ANPROMIS.
«Este é um dia histórico para a fileira dos cereais, que quer modernizar-se e produzir mais e melhor», afirmou José Palha, presidente da ANPOC.
«Esta Estratégia é fundamental para a sustentabilidade do setor do cereais e a equipa que a elaborou está muito empenhada em concretizar as medidas nela expressas», acrescentou
Joaquim Cabeça, presidente da AOP.
A indústria manifestou o seu apoio à Estratégia: «a IACA está disponível para constituir com a restante fileira uma Organização Interprofissional dos Cereais e considera urgente a definição de um modelo de contratação entre indústria e produtores de cereais», afirmou Jaime Piçarra, secretário-geral da IACA-Associação Portuguesa do Industriais de Alimentos Compostos para Animais.
Por parte da grande distribuição, Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente, garantiu que «o Continente quer estar ativamente envolvido na implementação da Estratégia, porque nos revemos completamente nos seus objetivos», dando o exemplo do projeto “Pão com cereais do Alentejo”, à venda nas lojas desta cadeia de supermercados desde 2017.
No âmbito deste painel tiveram lugar duas homenagens, uma a título póstumo ao Professor Raúl Miguel Rosado Fernandes, recentemente falecido, na qual Fernando Carpinteiro Albino, na qualidade de seu amigo e de vice-presidente da CAP no período de 1984 / 1997, testemunhou a importância do Prof. Raúl Miguel Rosado Fernandes como figura histórica e incontornável da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), do movimento associativo agrícola e da agricultura portuguesa.
Consulte aqui o documento da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais e a apresentação de Luís Souto Barreiros sobre a mesma efetuada no Dia do Agricultor em Elvas.