O Parlamento Europeu acaba de divulgar um documento que explica a importância dos insetos polinizadores, o seu impacto na economia e as principais causas do seu desaparecimento. A ideia é lançar a discussão, uma vez que os eurodeputados vão debater este tópico e votar uma resolução em sessão plenária já no próximo mês de janeiro.
Deixamos-lhe um breve resumo, com infografias, para saber mais sobre estes importantes auxiliares para os agricultores!
É um facto: nos últimos anos os apicultores europeus detetaram uma grande redução no número de colónias de abelhas, especialmentenos países no Oeste da UE, como França, Bélgica, Espanha e Holanda. Contudo, muitos outros países no mundo, como os EUA, a Rússia e o Brasil, estão a experienciar o mesmo problema, indicando uma crise global nesta matéria.
A ameaça da extinção dos polinizadores tem atraído muita atenção, uma vez que as abelhas e outros insetos polinizadores são essenciais para os ecossistemas e biodiversidade. Menos polinizadores significa um declínio de várias espécies de plantas, que podem até desaparecer, por dependerem, direta ou indiretamente, destes animais. Para além disto, a diminuição do número ou da diversidade das populações de polinizadores tem um impacto na segurança alimentar, com a queda do rendimento de algumas pastagens agrícolas.
Neste sentido, a Comissão Europeia apresentou a primeira iniciativa a nível europeu nesta matéria, a “Ação da UE relativamente aos polinizadores”, em 2018, no âmbito das políticas ambientais, agrícolas e para a saúde. A ideia é elucidar a população sobre o declínio destas espécies, travando as causas e consciencializando sobre o problema. No dia 3 de dezembro, a Comissão para o Ambiente, a Saúde Pública e Segurança Alimentar adotou uma resolução, solicitando medidas mais direcionadas para proteger os polinizadores selvagens. Os eurodeputados pediram ainda a redução do uso de pesticidas e maior financiamento para a investigação sobre esta matéria.
Quem são os polinizadores?
Poucas plantas têm a capacidade de autopolinização uma vez que a grande maioria depende de animais, do vento ou de água para se reproduzir. Para além das abelhas e de outros insetos, um grande número de outros animais, desde morcegos, até pássaros e lagartos, que procuram o néctar das flores, até macacos, roedores ou esquilos, podem ser polinizadores. Com diminuição das populações de abelhas, os apicultores de várias regiões do mundo começaram a polinizar manualmente os seus pomares.
Na Europa, os polinizadores são, maioritariamente, abelhas e sirfídeos, mas também borboletas, traças, alguns besouros e vespas. A abelha ocidental doméstica é a espécie mais conhecida, e normalmente está associada à produção de mel através da apicultura. Mas a Europa tem cerca de 2 mil espécies selvagens. A ideia de que estes ‘polinizadores domesticados’ contribuíam para grande parte da polinização foi recentemente desafiada por estudos recentes, que mostraram que, pelo contrário, as abelhas complementam, mas não substituem os polinizadores selvagens.
Impacto económico dos polinizadores
78% das espécies de flores selvagens e 84% das espécies nos campos de colheita da UE dependem, pelo menos parcialmente, de insetos para a produção de sementes. A polinização feita pelos insetos ou outros animais também garante uma melhor qualidade de frutos, vegetais, nozes e sementes.
Estas plantas dependem, em grande parte, da polinização dos insetos:
- maçãs, laranjas, morangos, damascos, cerejas…
- feijões, pepinos, abóboras…
- ervas como manjericão, tomilho ou camomila
- tomate, pimentos e frutos cítricos também beneficiam de polinização.
De acordo com as estimativas, entre 5 e 8% do valor global de campos de cultivo depende diretamente da polinização por parte de animais.
Os polinizadores também contribuem diretamente para a produção de fármacos, biocombustíveis e materiais de construção.
Porque estão a desaparecer os polinizadores?
Atualmente, não há dados científicos que consigam clarificar a questão, mas as evidências apontam para um claro declínio das populações de polinizadores, devido, sobretudo, a atividades humanas. As duas espécies mais estudadas são as abelhas e as borboletas e as investigações mostram que uma em cada dez espécies de abelhas e borboletas está em risco de extinção na Europa. Os cientistas ainda não apontaram para uma explicação. Os polinizadores são expostos a vários fatores que podem contribuir para este quadro. Entre as ameaças estão as alterações na utilização dos solos, para a agricultura ou para a construção de edifícios, que resultam muitas vezes na perda ou degradação de habitats. A agricultura intensiva torna as paisagens homogéneas e pode levar ao desaparecimento da flora, reduzir o número de alimentos ou os locais onde os pássaros podem fazer os seus ninhos. Os pesticidas e outros poluentes podem também afetar os polinizadores – diretamente (inseticidas e fungicidas) e indiretamente (herbicidas) – e, por esta razão, o Parlamento Europeu sublinhou a importância da sua redução como uma prioridade. As espécies invasoras, como a vespa asiática, e algumas doenças são particularmente perigosas para as abelhas. As alterações climáticas, que estão a provocar o aumento das temperaturas e eventos meteorológicos extremos, também contribuem para esta problemática.
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Fonte: Vida Rural