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Não, não é uma referência clubística. Os agricultores estão a tornar-se cada vez mais ‘ambientalistas’ e começam a fazer sombra aos profissionais da proteção da natureza. A sustentabilidade foi a palavra-chave em 2017 e é claramente a grande tendência.
Uma visita pelas notícias do ano que agora acaba não deixa margem para dúvidas. O tema esteve em discussão na última edição do FFA (Forum for the Future of Agriculture), em Bruxelas, mas é no plano interno que os exemplos se sucedem. Na viticultura, multiplicam-se os investimentos para diminuir o impacto ambiental. É o caso da Ervideira, que investiu 100.000 euros para reduzir a sua pegada ambiental ou da gigante Sogrape Vinhos, que anunciou a redução da sua pegada ecológica em 13,4% até final de 2018.
A aposta na viticultura sustentável mobiliza produtores, dos mais pequenos aos maiores, dos mais elitistas aos mais comerciais. Faz parte da estratégia dos produtores modernos e profissionais e é por aí que passa o futuro. Um trabalho da revista Enovitis, e que publicamos em exclusivo no site da VIDA RURAL, dá-nos conta desta realidade. Neste Especial Viticultura Sustentável, encontramos nomes como a Symington, Fundação Eugénio de Almeida, Esporão (que tem 100% das suas vinhas em modo biológico), Monte da Ravasqueira, Real Companhia Velha, Sogrape, Fladgate, entre muitos outros a explicar as razões porque este é o único caminho possível.
A ajudar nesta estratégia, a opção pelas energias renováveis é incontornável, de tal forma que Portugal passou a contar com uma cooperativa de energias renováveis para apoiar investimentos nesta área. E as notícias sucederam-se: em Alqueva, a EDIA instala painéis fotovoltaicos flutuantes, a Herdade Freixo do Meio anuncia um projeto solar de autoconsumo que permitirá uma poupança anual de perto de 20.000€, a Agromais instala dois sistemas fotovoltaicos com vista à autonomia energética e a Adega Cooperativa de Monção investe 160 mil euros em energia ecológica, casando sustentabilidade com rentabilidade económica.
A somar a tudo isto, o crescimento da agricultura biológica motiva o Governo a apresentar a Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica, um programa ambicioso que quer duplicar a área de SAU neste modo de produção e incrementar o consumo de produtos biológicos em 50%. A pensar nisso, a produção organiza-se e é criada a Federação Portuguesa de Agricultura Biológica (FPBIO), que junta produtores, escolas agrárias e associações ambientalistas numa só voz. Os retalhistas não querem perder a onda e sem surpresa a Sonae compra a rede de supermercados biológicos Brio, alguns meses depois de ter comprado a cadeia de restauração Go Natural. Com o objetivo de ‘democratizar’ a tendência, o AKI torna-se na primeira cadeia de distribuição a vender insetos auxiliares para controlar e combater pragas específicas.