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Conheci Manuel Évora no verão de 2006, quando visitei a Herdade de Penique, em Ferreira do Alentejo, onde se começavam a produzir nectarinas. A empresa de que era administrador, a Luís Vicente (até então um trader de hortofrutícolas) iniciava um ciclo de forte investimento na produção, fugindo da sua área de implantação, a região Oeste. Foram dos primeiros a perceber a importância estratégia desta zona, que lhes garantia precocidade e a água em abundância, com a abertura do regadio de Alqueva. Nesta altura, o projeto de internacionalização da produção, que lhes permitia controlar produtos essenciais no seu ciclo de vendas, levou-os ao Brasil e Costa Rica, e à criação da marca Plump. Algum tempo depois chegou a IV gama, com outra marca, a 80g e mais recentemente a fruta desidratada, com o investimento numa unidade agroindustrial, a Nuvi Fruits de que resultou a marca Frubis.
Em abono da verdade, a Luís Vicente não seria o que é hoje sem esta força criativa e sobretudo, esta enorme capacidade de antever tendências e de trabalhar rapidamente para chegar ao mercado com a inovação que Manuel Évora imprimia na sua administração.
Poucas pessoas tiveram um papel tão determinante na promoção e na exportação dos hortofrutícolas nacionais como Manuel Évora. Com a escola Sonae no currículo, sabia exatamente quais as fraquezas, mas sobretudo, os pontos fortes e oportunidades de um setor que tinha urgência em diminuir a dependência da grande distribuição e promover-se pela qualidade dos seus produtos.
A criação de uma estrutura como a Portugal Fresh é um seguimento natural desta vontade de não ficar parado em lamentações e atacar os problemas pela raiz. Encabeçou o projeto desde a primeira hora e deu-lhe massa crítica. A Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, foi uma lufada de ar fresco no panorama nacional. Juntou a tradicionalmente desavinda produção com um foco comum e pô-la a vender fora de portas. O aumento das exportações de hortofrutícolas, não tenhamos dúvidas, deve muito à promoção internacional que foi feita nos últimos sete anos sob esta batuta. A presença, com destaque, em feiras internacionais e a preocupação em comunicar estas mesmas presenças trouxeram uma visibilidade e notoriedade desconhecidas. As frutas e legumes portugueses brilharam, encantaram clientes estrangeiros e até abriram telejornais por cá, imagine-se! Manuel Évora sabia a importância de falar regularmente com a imprensa e de pôr a Portugal Fresh nas bocas do mundo. Era ambicioso, traçava objetivos e trabalhava para os cumprir.
Manuel Évora lutou durante anos contra a doença que o levou. Mas nas entrelinhas dessa luta maior batalhou outro tanto para fazer crescer a sua empresa e o setor que representava. Um setor que fica mais triste, mas que está agora no rumo certo. Obrigada Manuel.