Por Francisco Luz, Teresa Valdiviesso, Pedro B. Oliveira
Ao longo dos anos, a história do desenvolvimento da framboesa enquanto cultura economicamente rentável tem tido uma ligação estreita com o seu melhoramento genético. Um exemplo disso é a variedade ‘Tulameen’ primeira variedade de elevada qualidade adequada ao mercado em fresco, com possibilidade de exportação.
Esta variedade foi lançada há cerca de 20 anos e juntamente com outras duas variedades (‘Glen Ample’ e ‘Isabel’) foram responsáveis por uma mudança de estratégia dos produtores que passaram a produzir cada vez mais para o mercado em fresco (Hall e Kempler, 2011).
Para além disso, a rentabilidade desta cultura para este tipo de mercado acabou por atrair novos grandes e pequenos produtores, conduzindo ao aumento do volume de negócios.
Atualmente, muitos dos programas de melhoramento são desenvolvidos no sentido de permitir novas oportunidades de negócio aos produtores, nomeadamente na obtenção de variedades que, associadas a determinado sistema de produção e condições edafoclimáticas, consigam produzir num período economicamente vantajoso e/ou no sentido de se conseguir avançar para novas regiões de produção.
Os programas de hoje em dia precisam ainda de obter variedades competitivas com as já existentes no mercado, que sejam mais produtivas, livres das principais pragas e doenças ou mesmo através do aumento da capacidade de conservação pós-colheita, entre outras. Os programas têm, desta forma, uma orientação muito vocacionada para conseguirem acrescentar algum valor à fileira, muitas vezes influenciando de forma considerável o mercado da framboesa.
História do melhoramento da framboesa
As primeiras variedades de framboesa foram obtidas através de seleções de polinizações livres, no final do século XIX e no início do século XX, e derivam sobretudo de três espécies: framboesa europeia (Rubus idaeus subsp. vulgatus), framboesa vermelha do norte da América (R. idaeus subsp. strigosus) e framboesa preta do norte da América (R. occidentalis), tendo algumas destas sido selecionadas de seedlings no seu ambiente natural. No início do século XIX começaram a fazer-se polinizações controladas tendo-se obtidos novas variedades muito bem-sucedidas.
Estas variedades foram a base dos primeiros programas de melhoramento tanto nos Estados Unidos como na Europa uma vez que havia uma grande permuta de material genético entre continentes. No final do século XX foi feita uma avaliação das variedades de framboesa moderna e chegou-se à conclusão que todas elas provinham de um número restrito de clones originais.
Esta base genética restrita pode representar um desafio nos programas de melhoramento futuros (Hall et al., 2009; Hall e Kempler, 2011). Têm, contudo, sido continuamente lançadas no mercado várias variedades tendo-se estimado um valor de cerca de 190 novas variedades de framboesa lançadas no período entre 1994 e 2004. Atualmente existem cerca de 45 programas de melhoramento de framboesa espalhados por 22 países, mas apenas alguns são particularmente ativos (Kempler, 2011).
Objetivos do melhoramento da framboesa
O objetivo de qualquer programa de melhoramento passa pelo desenvolvimento de variedades de produções elevadas, com boa qualidade do fruto e que sejam adequada ao mercado em fresco ou para a indústria de processamento. Para além disto, alguns programas melhoram também para obter variedades resistentes a pragas e doenças, sendo este um objetivo que tem vindo a ganhar cada vez mais importância, uma vez que existe, por parte dos consumidores, maiores exigências na qualidade do fruto e uma consciencialização ambiental cada vez maior, associada às crescentes restrições ao uso de produtos químicos para tratamentos fitossanitários (Kempler, 2011).
(continua)
Nota: Artigo publicado na edição impressa do Suplemento Pequenos Frutos 24.
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