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O maior produtor de hortícolas biológicos em Portugal está na Comporta, em Alcácer do Sal, e tem pronúncia francesa. A BVLH, que é como quem diz Bertrand Vincent Larrère Holding, é uma empresa familiar liderada pelos três irmãos Larrère com uma história de mais de 20 anos de produção em França. São os principais produtores de cenoura bio nesse país e detêm 35% de quota de mercado.
Em 2014, os Larrère quiserem expandir o negócio e apostar na produção em contraciclo. Visitaram Portugal e rapidamente encontraram uma propriedade de 650 hectares na Comporta, no Monte Novo do Sul. Desde essa data, foram implementados 12 pivots que regam uma área de 450 hectares: cenoura (150 hectares), batata doce (50 hectares), alho francês, beterraba e, mais recentemente, espargos são as culturas eleitas. Desta área, apenas 50 hectares estão em modo convencional, facto que se prende com a necessidade de produzir uma variedade de couve doce que não pode ser produzida em biológico.
A produção, conta-nos Pedro Marques, export manager do grupo, é essencialmente para exportação e para marcas da distribuição, sendo a França e a Alemanha os grandes mercados. Mas o mercado português também ganha peso, com a recente entrada no grupo Auchan, onde estarão diretamente com o seu produto e com “oportunidade de poder contar uma história ao cliente final”.
Espargos são o novo projeto
O projeto mais recente é a produção de espargos, brancos e verdes, tudo em bio e ao ar livre: “Este é o nosso grande projeto. Plantámos 22 hectares e, ao contrário das outras culturas que fazemos, esta é uma cultura que nos prende durante seis ou sete anos e tem produção durante dois ou três meses. É uma cultura cara, de investimento a longo prazo mas é isso faz a diferença, porque batata doce já toda a gente faz“, revela Pedro Marques.
Mas o grande objetivo é controlar a janela de mercado entre outubro e março e no mês de junho, uma meta só possível com a produção em Portugal. Para chegar lá, a BVLH aposta em diferentes cadências e zonas de plantação. Mas é o terreno que faz a diferença: “A Comporta tem o melhor terreno para espargos, com areias brancas em profundidade que vão até aos três metros. O ar é salgado, o que torna os espargos doces, a água é quente, atinge os 16/17 graus, o que promove o crescimento da planta. E a zona tem um clima ameno e baixo risco de geadas”, confirma o export manager.
2019 é o primeiro ano de teste em espargos. E a grande expectativa está no espargo branco bio, uma vez que não há produção na Europa neste período (final do ano) e o produto existente no mercado é todo importado, “com qualidade péssima”.
Vai nascer a primeira OP de produtores hortofrutícolas bio
A BVLH está ativamente envolvida na criação da primeira Organização de Produtores (OP) de hortofrutícolas biológicos em Portugal, um projeto impulsionado pelo ex-secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas.
Numa primeira fase foi constituída a Cooperativa Valor Bio, que agrega 12 produtores e o passo seguinte será a criação da OP com o mesmo nome.
“Isto revela que apesar de sermos uma empresa francesa não estamos dissociados da realidade portuguesa e queremos defender a produção local”, frisa Pedro Marques.
Apesar da produção estar concentrada na Comporta, a armazenagem e embalamento é feita em Almeirim: “Estamos à espera de autorização para construir a nossa sede na Comporta, mas não será uma estrutura convencional, será toda em madeira”, conclui Pedro Marques.
*a jornalista viajou para Madrid a convite da Portugal Fresh
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Fonte: Vida Rural