O efeito dos microrganismos eficientes no processo de compostagem

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Por T. Machado, Nadine R. Sousa e B. Chaves

Resumo

A compostagem caseira é a forma por excelência de envolver os cidadãos na valorização dos resíduos sólidos urbanos.

No entanto, o número de estudos sobre a otimização do processo de compostagem caseira não é proporcional à relevância que que o tema possui no âmbito da sustentabilidade ambiental.

O presente trabalho visou avaliar o impacto da adição de microrganismos eficientes (ME) no processo de compostagem caseira. Para tal, ao longo do processo e no composto final foram avaliados diversos parâmetros físicos e químicos e comparados os tratamentos com e sem ME.

A adição de ME acelerou o processo de compostagem e aumentou a humidade. Por outro lado, aumentou a salinidade do composto e não se verificaram diferenças significativas nos perfis de temperatura ao longo do processo bem como no rendimento ou densidade do composto final. Os ME demonstram potencial como ferramenta biotecnológica para melhorar o processo de compostagem caseira.

Introdução

A eficiente gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) é um dos maiores desafios da sociedade atual . Muito embora a deposição em aterro seja uma abordagem ainda amplamente adotada, a prática acarreta graves problemas ambientais como a lixiviação de poluentes e a produção de gases do efeito de estufa.

Uma maior consciência ambiental apoiada por diretivas europeias e nacionais levou a uma dinâmica de procura de soluções sustentáveis de valorização dos RSU.

A compostagem é uma tecnologia amiga do ambiente e amplamente preconizada no âmbito da economia circular que visa valorizar a fração orgânica dos RSU. Pela ação dos microrganismos, os resíduos são transformados num composto equilibrado e rico em nutrientes que pode ser adicionado ao solo como corretivo orgânico e desta forma melhorar a sua produtividade.

A compostagem a nível industrial tem sido alvo de diversos estudos científicos estando cada vez mais a ser adotada a nível global.

Mas a técnica pode também ser realizada em pequena escala, através da compostagem caseira, obtendo-se uma qualidade de composto equiparável à do composto industrial. No entanto, a compostagem caseira não tem obtido tanta atenção por parte da comunidade científica, nomeadamente no que respeita à sua otimização.

Os microrganismos eficientes (ME) consistem numa mistura de microrganismos aeróbios e anaeróbios tais como bactérias fotossintéticas (p.e. Rhodopseudomonas palustrus, Rhodobacter spaeroides), lácticas (p.e. Lactobacillus plantarum, L. casei, Streptoccus lactis), actinomicetes (p.e. Streptomyces albus, S. griseus), fungos como o Aspergillus oryzae, Mucor hiemalis e leveduras como Saccharomyces cerevisiae e Candida utilis . Eles ocorrem naturalmente nos solos saudáveis podendo ser aplicados como inóculos a solos degradados para melhorar a qualidade do solo bem como o crescimento e produtividade das plantas que nele crescem.

(Continua)

Nota: Este artigo foi publicado na edição n.º 26 da Revista Agrotec.

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