Por: José Carlos Gonçalves | Instituto Politécnico de Bastelo Branco; Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior; Unidade de Investigação IPCB-CERNAS
A Corema album (L.) D. Don (Ericaceae subfam. Ericoideae tribu Empetrae) é um arbusto lenhoso dioico endémico da costa Atlântica da Península Ibérica, comumente conhecido como Camarinha ou Camarinheira.
É uma espécie importante em ecossistemas dunares, sendo a espécie dominante nas áreas onde cresce. As bagas da camarinha foram tradicionalmente usadas na medicina popular como um antipirético e estudos recentes descobriram importantes propriedades farmacológicas de seus frutos e folhas.
Estas descobertas suportam o uso tradicional da C. album como planta medicinal. Recentemente, a espécie tem sido proposta com valor potencial para se vir a tornar num futuro próximo uma cultura rentável e com um valor de mercado bastante apreciável.
Neste sentido, para que as plantações possam ser estabelecidas, a investigação precisa de identificar clones adequados que possam ser usados como produtores de sementes primárias, investigar a capacidade de germinação dessas sementes e, finalmente, desenvolver metodologias de propagação vegetativa que permitam multiplicar as plantas com as características mais desejáveis.
Em relação a possíveis metodologias de multiplicação vegetativa, a multiplicação por estacaria de camarinha pode ser lenta e trabalhosa, sendo o enraizamento muitas vezes difícil.
Recentemente, utilizando rebentos do ano recolhidos de plantas adultas em janeiro e com tratamento hormonal foram referidas percentagens de enraizamento entre os 24 e os 60%.
É neste contexto que surge a micropropagação como uma ferramenta capaz de multiplicar indivíduos selecionados por forma a permitir uma rápida disponibilização de plantas elite geneticamente idênticas e com alto valor.
Os métodos de propagação in vitro podem aumentar a possibilidade de sucesso facilitando a rápida multiplicação de clones selecionados para vários usos sem restrições sazonais.
Em geral, as técnicas in vitro para propagação de plantas (micropropagação) têm grandes vantagens sobre os métodos convencionais das quais podemos destacar a maior rapidez do processo; a possibilidade de poder multiplicar espécies difíceis de propagar in vivo; o facto de necessitar de pequenas estruturas vegetativas para iniciar as culturas; a propagação é feita em ambiente estéril livre de agentes patogénicos e garante uma uniformidade genética e fisiológica das plantas obtidas.
Até à data, tanto quanto é do nosso conhecimento, não foram ainda publicados quaisquer trabalhos de propagação in vitro da espécie C. album, daí que os trabalhos que atualmente desenvolvemos no Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior, em Castelo Branco, possam ser considerados pioneiros.
(Continua)
Nota: Este artigo foi publicado na edição n.º 25 do Suplemento Pequenos Frutos.
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