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A conclusão é do Freshness Lab, unidade de investigação do Instituto Superior de Agronomia: a maçã poderia beneficiar de uma nova classificação com base na sua riqueza em compostos bioativos benéficos para a saúde, uma tendência que já está a penetrar, por exemplo, no mercado dos frutos secos. De acordo com os investigadores responsáveis pelo estudo, “a maçã é o principal fruto consumido em Portugal e na Europa”, uma preferência relacionada com “a conveniência de consumo, a facilidade de preparação e o preço acessível”.
O estudo, coordenado por Domingos Almeida, foi publicado no International Journal of Food Properties e indica que os consumidores esperam que as lojas disponham de vários tipos de maçã. Por outro lado, no mercado, este fruto é frequentemente classificado em função da cor da casca e da doçura ou acidez percebidas, critérios facilmente avaliados pelo consumidor em loja.
“O mercado classifica as maçãs em verdes, amarelas, vermelhas, bicolores e pardas. Para além deste critério, os consumidores também se habituaram a maçãs de sabor mais doce ou mais ácido”, indica o estudo. A conclusão a que os investigadores agora chegaram é que uma nova classificação da maçã com base na sua riqueza em compostos bioativos benéficos para a saúde pode ser uma boa alternativa.
Nesse sentido, os investigadores analisaram oito variedades da Indicação Geográfica Protegida “Maçã de Alcobaça” para a riqueza relativa em compostos fenólicos bioactivos. Com base nesta análise foi proposta uma nova classificação mercadológica para a maçã composta por quatro classes: maçãs ricas em flavonoides, maçãs ricas em quercitina, maçãs ricas em flavonois e procianidinas e maçãs ricas em ácido clorogénico. Os resultados mostram também que a segmentação de mercado convencional, baseada na cor, não coincide com a composição em compostos bioativos, nomeadamente os flavonoides.
“Existe enorme diferença quando a maçã é consumida com a casca” afirma Domingos Almeida. “A casca é rica em flavonoides, quercitina e em procianidinas, mas o ácido clorogénico, que contribui para a atividade antioxidante das maçãs, está na polpa. A composição da maçã encontra-se muito bem estudada. A novidade do estudo é a proposta de segmentação que considera uma das tendências fundamentais no mercado dos frutos frescos, os benefícios para a saúde. Temos de ir além da aparência”, conclui.