Incêndios: reserva de alimentos e de água são as medidas mais adotadas pela população

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Uma reserva de alimentos não perecíveis e uma reserva de água foram as medidas básicas de preparação para emergências mais adotadas pela população afetada pelos incêndios florestais na zona centro, revela um inquérito divulgado pelo Instituto Ricardo Jorge.

Na sequência dos incêndios de 2017 ocorridos nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera foi desenvolvido o Plano Estratégico no âmbito da Saúde Pública, decorrente de uma Resolução do Conselho de Ministros, que tinha como um dos objetivos a recolha de evidências que permitam «aumentar a resiliência das populações em risco e capacitar os serviços de saúde para disponibilizarem a resposta adequada às necessidades da população».

No âmbito deste plano, foi desenvolvido um inquérito, centrado no incêndio de junho de 2017, aplicado a uma amostra de 330 pessoas, com idade compreendida entre os 18 e os 79 anos, representativa da população dos três concelhos afetados, tendo o trabalho de campo decorrido entre 19 de março e 7 de maio de 2018.

Os alimentos que não requerem refrigeração nem preparação culinária e o abastecimento de água foram as medidas de preparação mais referidas pelos inquiridos, 85 e 63 por cento respetivamente, revelam os resultados do inquérito, publicados na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações”, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

O estudo concluiu que «a maioria, 69 por cento, prefere meios de comunicação sem autonomia energética, como a televisão, telefone e internet, o que poderá ser muito limitativo em caso de falha no fornecimento».

Aproximadamente 79 por cento dos respondentes referiram dispor de um rádio a pilhas e 47 por cento de uma lanterna a pilhas, mas apenas 35 por cento verificava regularmente a carga das pilhas.

Quando inquiridos em relação aos principais meios de comunicação utilizados para receber informações e indicações das autoridades no caso de uma catástrofe de grandes dimensões, 36 por cento mencionaram a televisão, 22 por cento o telefone fixo e móvel, 15 por cento o rádio e 11 por cento a Internet.

À semelhança de outros estudos, verificou-se que os doentes crónicos têm uma probabilidade estatisticamente significativa de manter em casa uma reserva de medicação que possibilite o controlo da sua doença durante um determinado período de tempo.

Segundo o inquérito, mais de metade dos inquiridos, 58,2 por cento, referiram estar preparados ou bem preparados, tendo adotado três ou quatro das medidas previstas.

As mulheres têm uma probabilidade menor de adotar a totalidade das medidas, 50,7 por cento em comparação com 67,8 por cento dos homens, assim como os trabalhadores da indústria transformadora que também têm uma menor probabilidade, 41,5 por cento, de estarem preparados em comparação com trabalhadores de outras atividades económicas.

O estudo recomenda o desenvolvimento de programas comunitários de apoio às famílias para que possam preparar os seus planos de emergência. «As autarquias e a Proteção Civil devem fazer simulacros regulares para melhor preparar as famílias para emergências e catástrofes», defende ainda, adiantando que este tipo de programas deverá ser avaliado com regularidade.

Aconselha também a «incentivar o recurso a equipamentos com autonomia, como por exemplo, os rádios e lanternas alimentados por dínamo carregado por fricção ou por células fotovoltaicas».

Identificar e sinalizar na comunidade as famílias com indivíduos com limitações cognitivas ou de mobilidade, de modo a poderem dispor de medidas de emergência adequadas, e os profissionais de saúde sensibilizarem os doentes crónicos para que mantenham uma reserva de medicação para usarem em caso de necessidade são outras medidas recomendadas no estudo.

O incêndio florestal de grandes proporções, que deflagrou a 17 de junho de 2017 e abrangeu vários concelhos da região Centro, com especial gravidade nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, causou 65 mortes, 30 mil hectares de floresta ardida, a perda parcial ou total de mais de 500 casas de habitação e inúmeros prejuízos nas áreas económica e ambiental.

Fonte: Lusa

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