A Associação Portuguesa das Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas (Probeb) e a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), preferiram não comentar a intenção do Governo. Lembram que a medida (a criação de um imposto sobre bebidas açucaradas) ainda não foi oficializada e só admitem pronunciar-se quando surgir um anúncio formal.
A Refrige (responsável pela distribuição e comercialização de marcas como a Coca-Cola e a Powerade) e a Unicer (Frisumo, Snappy e Guaraná Brasil) também não se querem falar nesta altura.
O que já foi tornado público é que a criação do imposto, que deverá ser cobrado ao consumidor, está a ser preparado pelos Ministérios da Saúde, Economia e Finanças. O valor ainda não está definido.
Em declarações recentes ao jornal Expresso, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, mostrou-se convencido que o imposto deverá ser incluído «no orçamento da Saúde para o próximo ano» e que pretende que o valor obtido «seja aplicado na promoção de hábitos saudáveis, com campanhas de prevenção contra a obesidade».
Jorge Henrique, vice-presidente da CIP considera «prematuro estar a falar de uma medida que não pode, e estamos absolutamente convencidos, que não será adotada desta forma porque carece de um estudo, de aprofundamento e, sobretudo, carece de diálogo. Analisar neste momento as consequências de um hipotético imposto parece-nos, como disse, prematuro. Não encarámos essa possibilidade».
O diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção Geral de Saúde lembra que o assunto ainda está na fase de decisão política, mas sublinha que «o objetivo não será fazer dinheiro». O que se pretende é «incentivar quem produz estas bebidas a ter cada vez bebidas com menor teor de açúcar».
Pedro Graça lembra que Portugal «tem cerca de 1 milhão de obesos e que em 2012 as doenças crónicas, muitas delas associadas ao açúcar, representavam 68% de todas as causas de morte». Pedro Graça acrescenta que há um estudo recente, «feito por um grupo de investigadores do norte, que apurou que 35% das crianças com dois anos de idade já consomem refrigerantes pelo menos uma vez por semana».
Estes dados levam Pedro Graça a concluir que «uma intervenção nesta área terá muito a ver com a defesa de uma alimentação saudável. Se conseguirmos que a maior parte da oferta destes produtos contenha menos açúcar teremos todos a ganhar».
A bastonária Alexandra Bento considera muito importante que o valor deste imposto «reverta para uma causa pública como a educação alimentar. Não podemos encará-lo como mais um imposto. Caso contrário não estaremos no caminho certo». Alexandra Bento espera que a indústria «seja também um aliado. A indústria deve alterar as suas fórmulas».
Fonte: TSF
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http://www.agronegocios.eu/noticias/imposto-sobre-bebidas-acucaradas-indostria-aguarda-avanco-da-medida/