O Governo e os produtores pretendem aproveitar as oportunidades da nova Política Agrícola Comum para recuperar a produção de cereais, tendo como objetivo um nível de aprovisionamento de 38% em cinco anos, disse à Lusa o ministro da Agricultura.
«Os Estados-membros vão ter uma maior liberdade em definir as suas políticas internas e nós queremos aproveitar essa nova oportunidade que a PAC [Política Agrícola Comum] nos vai dar, para nela integrar medidas mais adequadas à recuperação da produção de cereais em Portugal», disse à Lusa Capoulas Santos, após a sua intervenção na primeira reunião da Comissão de Acompanhamento da Estratégia Nacional da Produção de Cereais, que decorreu em Lisboa.
De acordo com o governante, para isso, «foi definido um conjunto de 17 medidas que passam pela racionalização dos custos de energia, a certificação das sementes selecionadas, investigação, adaptação de novas variedades, inovação tecnológica e redução de custos».
No entanto, o líder do Ministério da Agricultura ressalvou que a recuperação da produção cerealífera não ocorrerá nos termos verificados no passado.
«Esta estratégia visa recuperar a produção de cereais, não nos termos em que existiu no passado, que é completamente inadaptável às circunstâncias de hoje. Antes do 25 de Abril, no Estado Novo, tínhamos as fronteiras fechadas, havia uma política protecionista aos cereais, que atribuía preços políticos muito superiores àqueles que eram os preços comunitários», afirmou.
Antes de 1974, «o preço pago ao agricultor era na ordem dos cinquenta escudos por quilo», enquanto, o preço comunitário «era de 21 escudos por quilo», explicou.
Para Capoulas Santos, devido às condições climáticas de Portugal é muito difícil ter «altas produtividades» de cereais, uma vez que se trata de «uma cultura, essencialmente de sequeiro, muito dependente da chuva», embora já vá havendo cultura de regadio.
«Estamos a procurar fazer uma abordagem integrada, otimizando todos os recursos, quer os que estão disponíveis neste quadro comunitário, mas estamos, sobretudo, a trabalhar no futuro, já que, a partir de 2020, teremos uma nova PAC com novas regras», sublinhou.
Em 12 de julho, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção Cerealífera, com o objetivo de tornar o setor "mais forte e eficiente".
A estratégia em causa tem como objetivo atingir, em cinco anos, um grau de auto-aprovisionamento em cereais de 38%, correspondendo 80% ao arroz, 50% ao milho e 20% aos cereais praganosos (como a aveia e o trigo, por exemplo).
Fonte: Lusa