Gonçalo Andrade: «Portugal pode garantir qualidade e diferenciação»

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A comitiva portuguesa na Fruit Attraction não tem parado de crescer desde que, em 2011, a Portugal Fresh marcou presença pela primeira vez no certame, com cerca de 20 empresas e organizações. «A Portugal Fresh está presente pela nona vez consecutiva. Este é um evento que tem crescido imenso ano após anos e Portugal também tem crescido e acompanhado o crescimento que esta feira internacional tem registado», conta-nos Gonçalo Andrade.

A associação começou com uma participação de 250 m2 e este ano bateu o recorde absoluto, com 600 m2. «Trazemos ainda 46 empresas, entre as quais, 29 do setor primário, 9 associações sectoriais e oito parceiros», explica-nos. «No fundo, para nós é muito importante estarmos presentes pois esta feira tornou-se num evento a nível mundial e, nos últimos tempos, temos estado a realizar um trabalho muito grande ao nível das exportações no setor das frutas, legumes e flores».

O Presidente reafirma a importância das empresas portuguesas estarem presentes no certame, muito para os mercados de exportação. «Em 2010, este setor exportava 780 milhões de euros e teve um crescimento praticamente de média anual 9% desde esse ano e, em 2018, atingiu os 1500 milhões de euros. Os números que temos de janeiro a agosto de 2019, comparando com o período homólogo, registam, novamente, um crescimento de 9%. Isto demonstra o dinamismo e o foco que as empresas têm tido na abordagem aos mercados».

Além da procura por novos mercados, importa reforçar os laços já existentes, visto que Espanha representa cerca de 30% das exportações nacionais, sendo seguida de Reino Unido, França, Holanda e Alemanha, os principais mercados de exportação dos produtos portugueses. «Também é importante chegarmos aos mercados mais longínquos, como o Brasil, que é muito importante para a nossa pera rocha», conta-nos.

Gonçalo Andrade aproveita para louvar o esforço das primeiras empresas portuguesas a estarem presentes na Fruit Attraction. «Anteriormente, a nossa presença era baseada em empresas do setor das peras e das maças. Realmente, estas empresas foram pioneiras na abertura e abordagem aos mercados internacionais, algo positivo que empresas de outros setores aproveitaram. Agora trazemos uma mistura de cores, sabores e aromas muito diversos. Juntaram-se a esses setores a laranja, os pequenos frutos, os kiwis, o melão, as abobaras, as couves, as cenouras, as batatas, inúmeros de produtos. Portugal já reconhecido como uma geografia de enorme qualidade que agrada aos potenciais clientes a nível mundial, que surgem à procura de uma diversidade de produtos muito grande quando abordam o expositor da Portugal Fresh».

Em relação à participação na edição deste ano, Gonçalo Andrade mostra-te otimista. «Os negócios não estão fáceis para ninguém, a rentabilidade na produção não está fácil. Contudo, a verdade é que, ao conseguirmos promover conjuntamente a diferenciação dos produtos portugueses, conjugada com esta brisa do Atlântico que muito nos diferencia face aos nossos concorrentes da latitude sul da Europa, permite olharmos com otimismo para o futuro, pois acreditamos que vamos conseguir melhorar a remuneração à produção. Só com a presença nestes eventos chave ao nível internacional, é que será possível promovermos cada vez melhor os nossos produtos para dar retorno à produção. Em relação ao feedback dos nossos expositores é positivo, dada a forte afluência ao stand nacional. Este ano também nos encontramos à entrada de um dos maiores pavilhões, estando muito bem localizados. A posição que temos aqui é muito privilegiada».

A participação da Portugal Fresh no evento conta com a participação de vários parceiros, provenientes de diferentes áreas de negócio. «Há parceiros que estão presentes connosco desde o começo, como o Crédito Agrícola e a EDIA. São parceiros muito importantes, um na parte do apoio ao investimento, que é fundamental e um dos pilares estratégicos. O Alqueva também muito interessante para quem nos procura para investir em Portugal, tratando-se de um projeto emblemático e de um exemplo que podemos mostrar cá fora. Há aqui três pontos muito importantes para o setor agrícola português: o aumento da área regada em Portugal; existir disponibilidade de apoio ao investimento; e um melhor acesso à mão-de-obra. Ainda temos margem de crescimento mas precisamos urgentemente de áreas regadas. Não precisamos de replicar o exemplo de Alqueva em termos de dimensão, mas de utilidade»

O objetivo da Portugal Fresh

A Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal – foi constituída em 2010 e nasceu da necessidade/oportunidade, sentida pelo próprio tecido empresarial, de evidenciar o potencial dos produtos nacionais. A união das empresas nacionais acontece em prol de um objetivo comum, que consiste na valorização da origem “Portugal” e das características dos produtos nacionais. A associação tem como grande objetivo promover as frutas, legumes e flores de Portugal, tanto internamente, como num panorama internacional.

«Relativamente ao trabalho da Portugal Fresh, o ano passado tivemos cerca de vinte ações em treze países, isto em termos de prospeção de mercado, ou seja, vamos a alguns mercado tentar perceber como funcionam, muito a nível de mercados abastecedores e retalhistas», começa por explicar o Presidente Executivo. «Fazemos ainda umas primeiras reuniões, tentando perceber que géneros de produtos desejam a nível de coloração, maturação e calibre. Tentamos perceber o que os consumidores do país ansiavam para depois transmitirmos às empresas esse conhecimento. Fazemos ainda missões empresariais, onde levamos várias empresas a conhecer o potencial e a realidade dos mercados. Fazemos ações de promoção, participamos em feiras internacionais como esta, levamos compradores internacionais até às empresas portugueses, entre outro leque de diversidade de ações».

«Em 2017, a Europa é responsável por cerca de 19% das compras mundiais de hortifruticultura, que chegam aos triliões de euros. Em 15 anos, deverá aumentar para o dobro. A Europa vai representar 16% desse valor, ou seja, cresce em valor, mas diminui em percentagem. A Ásia e a Oceânia vão representar a maior percentagem, daí a nossa atenção começar a forcar-se nos mesmos», realça Gonçalo Andrade, justificando o porquê da visão nacional se voltar para os países asiáticos. Relativamente aos mercados internacionais, os mercados mais importantes para exportações portuguesas continuam a ser o espanhol, o francês, o britânico e o holandês. «Depois existem os mercados para determinados produtos mais específicos e depois existem as tendências da altura».

O Presidente afirma ainda que Portugal não é um concorrente em escala. «É evidente que, quando se abre um mercado a Portugal, nós não estamos a pensar em invadir esses mercados, dado que não temos território para produzir o suficiente para isso. É isso que deve ser apontado nas reuniões entre os ministérios quando se iniciam as negociações. Por muitos mercados que nos abram, nunca vamos fazer diferença em termos de quantidade, logo, não vamos ser um problema para o país destino. Será muito atrativo porque podemos garantir qualidade e diferenciação».

Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 33

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Fonte: Agrotec

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