A manutenção do solo em pomares é uma área bastante estudada nos últimos anos. No entanto, a complexidade de relações entre solo, cultura perene, infestantes, polinizadores, entre outros, deixa muitas vezes algumas dúvidas quando à escolha do tratamento adequado.
Os resultados de vários estudos têm vindo a demonstrar que o abandono da mobilização do solo como prática de controlo de infestantes tem vantagens para as propriedades do solo em pomares de várias espécies fruteiras, incluindo o amendoal.
Também a abundância de polinizadores é favorecida pela presença da flora espontânea. Tem assim sido demonstrado que mais do que controlar, é importante gerir a população de plantas herbáceas no amendoal, como parte de um agro-ecossistema.
No Sul de Itália, há trinta anos que um campo experimental, com diferentes variedades de amendoeiras em sequeiro, tem sido palco de ensaios de práticas de gestão da cobertura do solo. Num estudo recente foram divulgados alguns resultados comparando cinco tratamentos diferentes:
1) aplicação de herbicidas em pré- e pós-emergência, mantendo o solo limpo o ano todo;
2) aplicação de herbicidas em pós-emergência na primavera;
3) corte da erva na primavera;
4) cobertura do solo com sementeira de fava em novembro e adubação em verde na primavera;
5) mobilização convencional, com recurso a charrua de discos.
Para avaliação da flora em cada tratamento os investigadores analisaram amostras de solo, de forma a identificar o banco de sementes.
Foi também amostrada a diversidade florística dos talhões na primavera e outono.
Com base nestes dados calcularam índices de diversidade florística, tendo em conta a diversidade de espécies e de famílias.
Os dados foram depois analisados por métodos de estatística multivariada – análise de clusters.
Os resultados separaram logo o tratamento com herbicidas pré e pós-emergência dos outros tratamentos em termos de diversidade e quantidade de infestantes todo o ano.
Os restantes tratamentos foram separados em dois grupos: herbicida e corte da erva para um lado, muito semelhantes em termos de diversidade florística, e cobertura do solo e mobilização para outro.
Os investigadores concluíram que o tratamento (1) levou à menor diversidade florística e menores níveis de infestação todo o ano.
No entanto, um estudo realizado no mesmo campo experimental apontou para a maior produtividade do amendoal neste tratamento, sendo a menor produtividade registada no ensaio com corte da erva, sem grandes diferenças entre os outros três tratamentos.
Outras conclusões apontam para a inexistência de vantagens em controlar as infestantes no outono, por ocorrer competição por nutrientes, sendo ainda benéfica a cobertura vegetal na prevenção da erosão hídrica e no lixiviamento de azoto.
Já na primavera, se por um lado a presença de gramíneas favorece a estrutura do solo, elas competem com as amendoeiras por água, o que justifica a menor produtividade do tratamento e corte de erva.
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Fonte: Nucleoagri Affluenza