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Três anos depois de ter iniciado a sua missão, a cooperativa Fruta Feia, cujo lema é ‘Gente bonita come fruta feia’, já conseguiu evitar que 500 toneladas de hortofrutícolas fossem parar ao caixote do lixo. Uma poupança que se traduz ainda no apoio a 116 produtores que conseguem, assim, escoar os seus produtos que de outra foram não seriam colocados no mercado devido à sua aparência.
A Fruta Feia conta hoje com sete pontos de entrega, quatro em Lisboa e outros três na região do Porto, e já tem 2950 associados que semanalmente podem ir buscar os seus cabazes de hortícolas e frutícolas, evitando oito toneladas de desperdício por semana.
De acordo com Isabel Soares, uma das responsáveis pelo projeto, em declarações à Lusa, “chegar às 500 toneladas é muita fruta”, até porque a equipa fundadora nunca pensou atingir poupanças destas “em tão pouco tempo”.
A cooperativa recolhe os hortofrutícolas junto dos seus agricultores associados e depois vende-os na forma de cabazes ao consumidor final, que para além de poder levar para casa produtos da época consegue ainda poupar, já que o preço final é mais baixo do que o praticado nos mercados e grandes superfícies comerciais.
“É importante termos conseguido montar um modelo que é economicamente autossustentável. Normalmente os projetos sociais não se conseguem manter. Nós conseguimos montar um modelo em que as receitas derivadas da venda da fruta são suficientes para cobrir os custos que temos”, refere ainda Isabel Soares.
A responsável acredita ainda que este projeto prova que “outro tipo de consumo é possível”, pagando aos produtores “o preço justo”. “O desperdício alimentar devido à aparência é um problema enorme. Debatemo-nos com um monstro. Em média 30% do que é produzido pelos agricultores [é desperdiçado], o que ainda é muita coisa. Ainda há trabalho a fazer nesta área e queremos continuar a resgatar esses produtos do lixo”, acrescenta.