O 4º Simpósio Nacional de Fruticultura, que decorreu na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, em Faro, a 29 e 30 de novembro, apontou o caminho para uma fruticultura rentável e sustentável, plena de desafios para responder a consumidores cada vez mais exigentes e a um mercado global extremamente competitivo.
O Simpósio contou com 88 comunicações científicas (orais e em poster) e reuniu 223 participantes, entre investigadores, técnicos, fruticultores e representantes do setor comercial. A organização esteve a cargo da APH (Associação Portuguesa de Horticultura), UAlg (Universidade do Algarve), COTHN (Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional), MeditBio (Centro para os Recursos Biológicos e Alimentos Mediterrânicos) e DRAP Algarve (Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve).
A sessão de abertura contou com a participação do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, para quem «a intensificação sustentável é o novo racional técnico da agricultura». Na mesa estiveram também presentes o reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, o diretor regional de Agricultura do Algarve, Fernando Severino, o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, o presidente da Associação Portuguesa de Horticultura, José Alberto Pereira, a secretária-geral do COTHN, Maria do Carmo Martins, e o presidente da comissão organizadora do simpósio, Amílcar Duarte.
Produção sustentável
A cultura do abacate foi tema da primeira apresentação do simpósio.
O investigador espanhol Iñaki Hormaza, da Estação Experimental de Mayora, em Málaga, concluiu que o consumo deste fruto vai continuar a aumentar na Europa, pelo que o escoamento deste fruto está garantido. Mas, para que o fruto seja mais valorizado, Portugal e Espanha devem ser capazes de diferenciar a origem do abacate ibérico, reforçando a aposta em marcas regionais, seguindo os exemplos da Sicilia (“Sicilia Avocato”) e de Creta (“Lappa Avocato”).
A proximidade das zonas de produção ao consumidor (produto com menor pegada ambiental) e a qualidade e segurança alimentar dos abacates produzidos na Península Ibérica são trunfos que a fileira deve saber explorar. Recorde-se que Espanha (11.455 hectares) e Portugal (1.133 hectares, no Algarve) são os principais produtores de abacate na Europa, contudo a produção interna é insuficiente para abastecer a procura crescente, importando-se grandes quantidades de abacates do continente americano.
Na sessão sobre “Produção” destacaram-se ainda comunicações sobre técnicas e modelos que ajudam os fruticultores a aumentar a qualidade da fruta e a produtividade dos pomares. Miguel Leão, investigador do INIAV, propôs um novo modelo de simulação do crescimento dos frutos da pereira Rocha com base no tempo térmico.
Trata-se de uma ferramenta que permite ao gestor prever os calibres da pera à colheita e atuar tecnicamente (monda de frutos, rega, nutrição), reagindo de forma antecipada a crescimentos insuficientes da fruta. Amílcar Duarte, investigador da Universidade do Algarve, apresentou a incisão anelar como técnica para aumentar o vingamento dos frutos em tangerinas.
Esta técnica, amiga do ambiente, mas mais onerosa em mão-de-obra do que a aplicação de produtos químicos, contribui para aumentar a quantidade de fruta por árvore, sendo compatível com Produção Integrada e Agricultura Biológica. Nesta sessão foram ainda abordadas outras culturas, como a amendoeira, a figueira, a uva de mesa e a oliveira.
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