Com as negociações da PAC pós-2020 a decorrer, a Fenareg defende que os países do Sul da Europa “devem concertar posições para defender apoios ao investimento no regadio e na modernização das infraestruturas de rega”.
Na passada semana a chefe de gabinete do Comissário Europeu para a Ação Climática e Energia, Cristina Borrero, esteve no I Congresso Ibérico do Milho onde defendeu “a agricultura e as florestas são setores que também sequestram carbono e todos estamos de acordo que não podem alcançar emissões zero. Na agricultura falamos de compensação entre emissões e sequestro. Há flexibilidade na visão apresentada pela Comissão”.
José Núncio, presidente da Federação Nacional de Regantes de Portugal, disse que esta posição “vem desmistificar o alarmismo criado à volta da descarbonização na agricultura até 2050” e reitera que “o regadio no Sul da Europa conheceu grandes avanços na poupança de água e energia, nos últimos anos, e deve continuar a ser alvo de políticas e investimento público que permitam maximizar a sua eficiência e minimizar a pegada de carbono.”
João Pacheco, membro do Think-Tank Farm Europe, defendeu também que “o regadio é essencial para assegurar a produção de alimentos no contexto de alterações climáticas e de crescimento exponencial da população mundial. Vai haver mais bocas para alimentar nas próximas décadas, dizer-se que isso pode ser feito sem regadio e tecnologias apropriadas é falso, é uma miragem (…) O regadio tem todo o interesse em estabelecer uma narrativa positiva, de que é importante para a criação de riqueza e de produto, de que não gera problemas ambientais, porque há tecnologias que permitem minimizar quaisquer impactos negativos.”
Para Juan Valero de Palma, secretário-geral da Federação Nacional das Comunidades de Regantes de Espanha (FENACORE), a modernização dos regadios é uma questão central para o uso eficiente da água e deve ser uma prioridade na PAC pós 2020. “Em Espanha já se modernizaram mais de 2 milhões de hectares de infraestruturas de regadio, cerca de 80% da área está modernizada (50% por gota-a-gota e mais de 25% por aspersão). É preciso continuar a investir”, sublinhou.
Eduardo Diniz, diretor-geral do Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) do Ministério da Agricultura, disse ainda durante a iniciativa que a Comissão Europeia “deu um sinal positivo ao considerar o regadio elegível à cabeça para apoio ao investimento”.
“Conseguimos fazer passar a mensagem de que o regadio é importante para Portugal e para outros países da UE que necessitam de regar e de investir em reservatórios de água para se adaptarem às variabilidades do clima”, explicou. O responsável diz ainda que “devemos estar vigilantes, porque a negociação das propostas da PAC e do respetivo orçamento continuam”, defendendo que “a atual proposta de reforma pode ser melhorada”.
“Se por um lado tem lógica haver restrições à construção de novos reservatórios nestes casos, por outro lado, nos empreendimentos de rega que já estão em funcionamento deve ser elegível o apoio à sua modernização ou transferência”, concluiu.