Os produtores portugueses começam esta quarta-feira a exportar carne de porco para a China, através de três matadouros, um negócio que deverá movimentar 100 milhões de euros, com cerca de dez mil animais abatidos por semana.
«Esta primeira encomenda é de dez contentores. Em termos anuais, estamos a falar de um volume de negócios de 100 milhões de euros e cerca de dez mil animais, por semana, abatidos e transformados», disse à Lusa um dos membros da direção da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), Nuno Correia.
No total, através do Porto de Sines, distrito de Setúbal, os dez contentores vão transportar 270 toneladas de carne, no valor de um milhão de euros, para província chinesa de Hunan.
Porém, «é muito provável que haja uma atualização destes valores, a partir de setembro, já que a China está a dar indicações de querer antecipar os números em vista para 2020», antecipando-se assim uma movimentação de 200 milhões de euros.
Inicialmente, o arranque das exportações estava previsto para dezembro. No entanto, o tráfego de contentores provocado pela greve dos estivadores eventuais de Setúbal acabou por atrasar o processo.
«Foi um caminho difícil, mas, finalmente, vamos dar início à exportação de carne de porco portuguesa para a China. Portugal tem que exportar para crescer e para chegar à autossuficiência e a China vai [contribuir]para esta estratégia de internacionalização do país», vincou.
O acordo em causa foi celebrado com o ACME Group, ficando o ICM, a Agmeat e a Montalva responsáveis pela exportação.
«Para já, queremos também que estes matadouros possam exportar outras partes do porco, nomeadamente, as unhas, as orelhas e as miudezas», acrescentou.
Adicionalmente, até setembro, vai ocorrer uma nova vistoria para tentar homologar mais três matadouros em Alcanede, Montijo e Lisboa.
O início das exportações de suínos portugueses para a China vai ser assinalado numa cerimónia oficial que vai contar com a presença do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, e do embaixador da China em Portugal, Cai Run.
Nuno Correia adiantou ainda à Lusa que, na sequência do recente encontro entre a FPAS e o Governo de Hunan, ficou acordado que Portugal vai também ter um centro de demonstração e degustação dos produtos portugueses, como o vinho, a fruta e também a carne de porco.
«Tenho a certeza de que este é um passo de gigante. Dá alternativa aos produtores portugueses para venderem os seus produtos num mercado bastante apetecível, com volume e com preços muito interessantes de venda», afirmou.
A conclusão deste centro está prevista até ao final de 2019, a partir daí, «a própria província dará todo o apoio ao desenvolvimento e promoção da entrada dos produtos portugueses».
Fundada em 1981, a FPAS é uma associação sem fins lucrativos que visa o estudo e acompanhamento dos problemas relativos à suinicultura.