O diretor-geral da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal diz que o estatuto de Jovem Empresário Rural é uma «urgência» e uma «necessidade» que tardou em ser consagrada e apelou ao consenso político para a atribuição de apoios.
«É extremamente importante que o país olhe para esta figura como uma urgência, uma necessidade que já deveria ter sido lançada há mais tempo e, porventura, [ter-se-iam] evitado algumas catástrofes», disse Firmino Cordeiro, em declarações à Lusa.
Em causa está o decreto-lei, aprovado na semana passada, em Conselho de Ministros, que cria o estatuto de Jovem Empresário Rural e define o respetivo procedimento reconhecimento.
De acordo com o responsável da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), é agora importante que o Ministério da Agricultura consiga encontrar um consenso «entre os restantes ministérios para que esta figura seja introduzida nos mecanismos de apoio» futuros.
«Não sei se podemos falar de subsídios a fundo perdido ou não, o que interessa aqui é que existam sinais, quer nos impostos que pagamos, quer nas portagens, no IVA ou no IRC», acrescentou.
No entanto, Firmino Cordeiro ressalvou que esses apoios só podem vir a acontecer no âmbito do Quadro Financeiro Plurianual pós 2020.
O diretor-geral da AJAP defendeu ainda que o estatuto em causa «representa muito» para o interior do país, uma vez que pode vir a combater a desertificação.
«Como nem todos podem ser jovens agricultores e o interior do país carece de pessoas, isso só se pode solucionar se o Governo entender que é necessário investir nos jovens, para que eles se sintam atraídos em fazer a sua vida no interior», notou.
Questionado sobre o número de jovens agricultores abrangidos pelo estatuto, Firmino Cordeiro garantiu não ser possível contabilizar, mas indicou que, no âmbito do anterior programa de desenvolvimento rural (PRODER) instalaram-se nove mil jovens, e, já no PDR 2020, outros cerca de sete mil.
«A agricultura, por si só, tem conseguido atrair jovens, mas esses jovens agricultores nem sempre vão para as zonas mais interiores», concluiu.
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, divulgado na quinta-feira, o estatuto visa atribuir um caráter distintivo ao empreendedorismo no mundo rural, procurando «contribuir para a diversificação da base económica regional, a criação de emprego e fixação de jovens empreendedores nas zonas rurais».
Fonte: Lusa