Aos 30 anos, Sofia Pone, neta de portugueses, quer trazer para Portugal a «tecnologia muito à frente» de agricultura biológica na vertical que desenvolveu na África do Sul, onde nasceu, e escolheu «terras do interior» para se fixar.
É a terceira geração de uma família da diáspora portuguesa: pai nascido em Lourenço Marques, «agora Maputo mas para ele sempre Lourenço Marques», mãe nascida na África do Sul mas «orgulhosa filha de portugueses de Viseu», explicou em declarações à Lusa a jovem, em Penafiel, à margem do III Encontro de Investidores da Diáspora, onde está a participar.
Sofia fala um português claro mas que denuncia as origens além-fronteiras. Aprendeu a falar com os avós, desenvolveu a língua quando estudou em Portugal, um ano e meio no Colégio Internacional de Vilamoura, mas mais do que a pronuncia é o medo de errar a gramática que a denuncia. É também o medo que a fez rumar de volta à terra dos avós.
«Eu nasci e cresci na África do Sul. A minha família tem um negócio lá, bem sucedido mas a situação para os emigrantes na África do Sul está a ficar difícil, complicada, as coisas estão a mudar e isso aliado ao medo e à insegurança, fez-me sentir vontade de voltar para Portugal de vez, com a família toda e o negócio», explicou Sofia Pone.
Da África do Sul, a lusodescendente quer trazer o negócio da família.
«Trabalhamos na área dos recursos humanos mas também na agricultura biológica vertical. O que quero é trazer uma técnica muito à frente que desenvolvemos para este tipo de agricultura», revelou.
O objetivo, disse, «é primeiro arrancar com o projeto da agricultura biológica, já para o ano, e daqui a dois anos avançar com a parte dos recursos humanos».
E onde se pretende instalar? «A base terá que ser Lisboa, é onde está todo o comércio. Mas a parte da agricultura quero ir para o meio rural, para o interior, é o que faz sentido», respondeu.
Sofia Pone já «tem uma base de apoio» em Portugal, a família. «Tenho já cá quatro tias e muitos primos que regressaram da África do Sul já há muitos anos e também já estão a trabalhar na área da agricultura. Isso facilita», disse.
Quanto aos apoios por parte do Estado, segundo esta futura empresária sediada em Portugal, «não foi isso que pesou» na decisão.
«Ainda não entramos em muita conversa para concretizar apoios do Estado mas as respostas que vamos tendo são boas. Agora, mais daqui a algum tempo, vamos ver como solidificar os contactos que temos feito», explicou.
O III Encontro de Investidores da Diáspora reúne hoje e sábado, em Penafiel, mais de 600 empresários de 35 países.
O evento serviu também para o Governo apresentar o programa Regressar Venezuela, uma linha de crédito de 50 milhões de euros destinada a empresários portugueses radicados naquele país da América do Sul que queiram regressar e investir em Portugal.
Fonte: Lusa