Por David Araújo, Tiago Rocha, Marta Vasconcelos, Susana M.P. Carvalho
Introdução
O consumo de mirtilo está associado a hábitos alimentares saudáveis, sendo que este fruto alia um sabor apelativo a uma elevada presença de compostos bioativos (ex. ácido ascórbico, flavonoides, polifenóis e antocianinas), com propriedades no combate de radicais livres, atraso no envelhecimento, proteção do sistema cardiovascular, melhoria da visão e da memória (Kalt et al., 2007; Sinelli et al., 2008).
No sentido de satisfazer uma procura crescente deste fruto, a sua produção tem registado a nível mundial uma subida praticamente constante ao longo dos últimos 10 anos.
Os dados mais recentes mostram que em 2016 a produção se situava nas 552 505 toneladas, ocupando uma área de 110 928 hectares.
Nesse mesmo ano, os maiores produtores de mirtilo foram os Estados Unidos da América, representando 49% da produção, seguindo-se o Canadá (32%), México (5%), Polónia (3%) e Alemanha (2%). Portugal surge na oitava posição com 6 572 toneladas (FAOSTAT, 2018).
É importante salientar que em apenas dois anos, de 2014 para 2016, a área nacional desta cultura passou de 823 ha para 1481 ha, sendo que a produção em 2016 foi 3,6 vezes superior à de 2014 (INE, 2016).
Num mercado cada vez mais competitivo, os produtores de mirtilo mostram-se recetivos a novas abordagens que levem à otimização dos processos de cultivo no sentido de aumentar a produtividade e qualidade deste pequeno fruto (Craigie et al, 2011).
Os bioestimulantes comerciais elaborados à base de extratos de algas, têm recebido grande aceitação na área da horticultura e fruticultura pelos motivos expostos no artigo anterior (Wang & Carvalho, 2018).
No entanto, existem ainda questões relacionadas com o momento ótimo no desenvolvimento das plantas em que os bioestimulantes devem ser administrados, e qual a dose, frequência e modo de aplicação mais adequados para retirar o máximo benefício dos mesmos.
Paralelamente, sabe-se ainda que a resposta das culturas aos bioestimulantes varia com a espécie a que estes são aplicados (Battacharyya et al. 2015).
Contudo, a maioria das fichas técnicas dos produtos comerciais são pouco específicas, pois propõem as mesmas doses de aplicação de bioestimulante, para todas as culturas hortícolas, tratando-se este de um grupo constituído por culturas de características e necessidade distintas (ex. hortícolas de folhas, hortícolas de frutos, etc.).
Como tal, atendendo ao custo associado à utilização destes produtos, é fundamental avaliar com rigor os efeitos da sua aplicação em diferentes culturas. Assim, este estudo teve como objetivo principal otimizar a aplicação de um bioestimulante comercial à base de extratos de algas na cultura do mirtilo.
Esta cultura foi selecionada pelo facto de estar em franca expansão em Portugal e por ainda não existir informação consistente acerca da resposta da mesma a este tipo de bioestimulantes.
(Continua).
Nota: Este artigo foi publicado na edição n.º 26 da Revista Agrotec, no âmbito do dossier Bioestimulantes.
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