Por: Valter Lopes e Manuel Patanita
Introdução
O milho é a cultura arvense com maior expressão em Portugal, ocupando uma área que ronda os 130 mil hectares, abrangendo cerca de 80 mil unidades produtivas, com uma produção média anual estimada em 930 mil toneladas, o que permite um auto-aprovisionamento de cerca de 35% (ANPROMIS, 2015).
Entre os triénios de 2002/2004 e 2012/2014 a produtividade do milho em Portugal aumentou 50% e as áreas semeadas conheceram grande aumento nas regiões do Alentejo e Ribatejo, sendo a exceção a região Norte, onde a área diminuiu.
Em 2015, semearam-se em Portugal 126.411 hectares de milho, que representam 41% da área de cereais e 36% da área das culturas arvenses (ANPROMIS, 2015).
Quer associada à produção de silagem, quer à produção de grão, a cultura do milho afirma-se atualmente como um dos casos demonstrativos das potencialidades produtivas da agricultura portuguesa de regadio, contribuindo para a vitalidade da economia regional e nacional do nosso país (ANPROMIS, 2015).
A utilização de variedades com elevado potencial produtivo e bem adaptadas aos condicionalismos edafoclimáticos, utilizando simultaneamente as técnicas culturais mais ajustadas, têm sido os factores decisivos para a obtenção de elevadas produtividades e, consequentemente, de elevados rendimentos.
Todavia, além das elevadas produtividades, importa atender à redução dos custos da cultura, como componente essencial para melhorar o rendimento/lucro do produtor.
No que diz respeito às técnicas culturais, a densidade de sementeira é uma das que mais afeta a produção de grão, assumindo particular destaque, uma vez que, pelo facto de as plantas de milho não afilharem, uma semente dará origem a uma planta produtiva e, consequentemente, em média, a uma infrutescência – maçaroca (Almeida & Sangoi, 1996).
Com altas densidades aumenta a competição inter-planta por luz, água e nutrientes (Sangoi, 2000) o que afecta o rendimento final porque estimula a dominância apical, induz a esterilidade, decresce o número de espigas produzidas por planta e o número de grão por espiga (Sangoi & Salvador, 1998).
Portanto, o rendimento de grãos de milho aumenta com o incremento na densidade de plantas até atingir um nível óptimo, que é determinado pelo genótipo e pelas condições do ambiente e diminui com posteriores aumentos na densidade.
A densidade ótima é, portanto, variável para cada situação, sendo basicamente dependente de três fatores: variedade, disponibilidade de água e de nutrientes. Quaisquer alterações nestes fatores, direta ou indiretamente, afetarão a densidade ótima de sementeira (Cruz et al., 2007).
Além de factores genéticos, a produtividade de uma cultura depende das condições de solo e de clima, particularmente da radiação solar (Melges et al., 1989). A utilização de luz é o processo mais importante para a produtividade, porque é através da fotossíntese que a planta acumula matéria orgânica nos seus tecidos.
A quantidade de energia convertida e, portanto, a quantidade de matéria seca produzida, depende da percentagem de absorção e da eficiência de utilização da energia absorvida.
(Continua).
Nota: Este artigo foi publicado na edição n.º 23 da Revista Agrotec.
Para aceder à versão integral, solicite a nossa edição impressa.
Contacte-nos através dos seguintes endereços:
Telefone 225899620
E-mail: marketing@agropress.pt