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Segundo a Balança Alimentar Portuguesa temos novamente boas notícias relativamente ao consumo de produtos hortícolas. Entre 2008 e 2012 o consumo destes alimentos estava abaixo das necessidades nutricionais dos portugueses (15,1% vs. 23%). Agora, os dados mais recentes (2012-2016) são melhores. O consumo cresceu 0,9 pontos percentuais relativamente aos resultados anteriores (16% versus 15,1%).
Em Portugal mantém-se o excesso de consumo de produtos do grupo da “carne, pescado e ovos” e “óleos e gorduras” e um défice no consumo de hortícolas, frutos e leguminosas secas. Assim, existe espaço no mercado nacional para aumentar a produção e estimular a procura para que o consumo exista.
Um grupo particularmente interessante em termos nutricionais que tem sido protagonista de várias iniciativas são os alimentos que apresentam propriedades com efeitos metabólicos benéficos pela presença de determinados nutrientes específicos.
A alcachofra (Cynara scolymus L.) é uma asteraceae, um alimento trazido para o Brasil pelos europeus. Possui um importante papel da dieta mediterrânea, sendo utilizada não só como parte da dieta alimentar como matéria-prima na indústria farmacêutica e na indústria de bebidas.
A alcachofra presenta elevado teor em fibra solúvel, um tipo de fibra que regula o trânsito intestinal, sendo essencial no controlo de episódios de diarreia aguda. Apresenta prebióticos como os FOS (frutoligassocarídeos) como a inulina que estimulam a actividade e a colonização das bactérias benéficas já existentes na flora intestinal.
Do ponto de vista nutricional é acrescentar que apresenta baixa densidade energética, baixo teor em lípidos mas elevada densidade vitamínica e mineral. Uma alcachofra (cerca de 128g) fornece 28% da quantidade diária recomendada de fibra, 22% da quantidade diária recomendada de ácido fólico e 25% da vitamina C que necessitamos por dia e inúmeras vitaminas em quantidades interessantes como a Tiamina, Riboflavina, Niacina e Vit. B6 e ainda inúmeros minerais em quantidades apreciáveis.
Alguns estudos discutem o papel do extracto de alcachofra no tratamento da dispepsia, gastrite, meteorismo, flatulência, gastropatia nervosa, cólon irritável, doença do trato biliar funcional, condições clínicas causadas por problemas funcionais relacionados com o sistema biliar descendente. Outros discutem a influência das folhas de alcachofra como diurético natural e como um agente na redução do colesterol sérico elevado.
Na literatura não existem estudos que suportem toxicidade aguda, subaguda ou crónica na ingestão de extracto de alcachofra. Pesquisas com o extracto não mostraram efeitos teratogénicos, carcinogénicos ou tóxicos para seres humanos, assim como reacções dermatológicas ou oftálmicas adversas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o consumo de frutas e vegetais deve estar representado em, pelo menos, 400g por dia. Este aumenta para 600g diárias se pensarmos em minimizar o risco de complicações de saúde várias.
Dica para o produtor:
Quando falamos em prebióticos, o mais usual é pensarmos em produtos lácteos. Desafiar o consumidor a pensar na alcachofra como uma alternativa a estas soluções pode ser interessante e acrescentar valor a este mercado, na produção e comercialização local como na indústria alimentar. Apresentar vendas reais deste alimento como alimento potenciador da saúde pode revelar-se interessante sob o ponto de vista financeiro.