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O incêndio que este sábado (17 de junho) devastou a região de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e foi responsável pela morte de 63 mortos (à data de publicação desta notícia), é “uma tragédia brutal”, nas palavras da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A organização emitiu esta segunda-feira (19 de junho) um comunicado em que diz que a situação exige “medidas excecionais de avaliação e apoio”.
De acordo com a CNA, “não basta agora proclamar ‘três dias de luto nacional’ e por muito que esta tragédia o justifique.” Para a organização, é preciso que “sejam rapidamente apurados todos os principais prejuízos provocados pela catástrofe em habitações e outros bens pessoais como oficinas, armazéns, máquinas e alfaias, instalações pecuárias, gados, culturas, vinhas, pomares, olivais, bem como quanto a incapacidade temporária para produzir devido à destruição dos equipamentos e/ou culturas e, ainda, por prejuízos em infraestruturas coletivas, por exemplo, em estradas e condutas de água pública para que, também de forma célere, sejam definidas medidas oficiais de exceção, incluindo a nível da União Europeia, capazes de apoiar as vítimas, desde logo as famílias dos sinistrados e as populações mais atingidas.”
A Confederação Nacional da Agricultura diz ainda que “não basta que o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural faça de conta que nada de completamente excecional aconteceu e venha apresentar medidas de circunstância como aquelas que já se tornaram rotineiras no âmbito de certos apoios do PDR 2020 e, ainda por cima, indexadas a eventuais seguros agrícolas ou de qualquer outro tipo que os agricultores e as populações rurais possam ter feito normalmente.”
“É necessário apurar e fazer assumir todas as responsabilidades pela tragédia brutal que se deu a partir dos incêndios florestais em Pedrógão Grande e concelhos vizinhos. E tão grande e tão chocante é o acontecimento que não há para onde fugir: é imperioso que o Governo e outros Órgãos de Soberania (de entre outras entidades) apurem todos os principais vetores que se conjugaram, e como se conjugaram eles, para que pudesse ter acontecido uma tragédia de dimensão e impacto tão brutais. Ao mesmo tempo, imperioso é definir e atribuir todas as inerentes responsabilidades e a todos os níveis: político, institucional, operativo e judicial”, acrescenta.
A CNA diz ainda que “é sabido também que o tipo de floresta dominante na região, a floresta industrial em regime de cultura intensiva e contígua com Eucalipto e Pinheiro – espécies altamente comburentes – é o ‘pasto’ ideal para os violentos e extensos incêndios florestais logo que certos fatores climatéricos se conjuguem como também foi o caso. Ganha pois toda a acutilância o ‘velho’ problema da falta de definição e aplicação de um correto Ordenamento Florestal que impeça as vastas áreas contíguas cheias de espécies muito comburentes (Eucalipto e Pinheiro) e em regime intensivo de produção.”