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Um grupo de cientistas europeus está esta semana reunido em Lisboa para encontrar soluções que permitam reduzir a poluição causada pelo azoto, um problema que todos os anos causa perdas de 14 mil milhões de euros na União Europeia. O NitroPortugal, nome do projeto, quer colocar Portugal “na liderança da boa gestão do azoto, através de uma abordagem multidisciplinar, que junta os diferentes elos do ciclo de produção do azoto.”
O projeto é liderado pelo Instituto Superior de Agronomia e conta com cientistas do Centro de Hidrologia e Ecologia, do Reino Unido, e da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e visa realizar o diagnóstico dos níveis de poluição azotada na água, nos solos e no ar e calcular o seu impacto nos ecossistemas e na biodiversidade em Portugal.
“Estimamos que apenas 20% do azoto usado na agricultura na União Europeia (UE) é aproveitado pelas plantas, o restante perde-se e é uma fonte de contaminação dos solos, da água e do ar”, explica Mark Sutton, investigador do Natural Environment Research Council, do Reino Unido, um dos coordenadores do NitroPortugal. “Acreditamos que uma mensagem positiva, que explique aos agricultores europeus as vantagens económicas do uso mais eficiente do azoto, é a chave para uma economia mais eficiente”.
“Queremos perceber qual é o impacto real no azoto em Portugal, e como podemos poupar milhões de euros através de melhores práticas de gestão do azoto, que irão contribuir para um melhor desempenho da economia portuguesa”, acrescenta o investigador.
Os cientistas calculam que o uso excessivo de fertilizantes à base de azoto na Agricultura gere prejuízos de cerca de 14 mil milhões de euros na economia da UE, ou seja, o equivalente a 25% do total do orçamento da PAC.
A Dinamarca e o Reino Unido, que participam neste projeto, têm sido um bom exemplo no que diz respeito à monitorização e à implementação de políticas de controlo das perdas de azoto para o Ambiente. A Dinamarca, por exemplo, implementa há 30 anos uma política que já lhe permitiu diminuir em 50% a concentração de azoto nos cursos de água.
“Para reduzir a pegada de azoto é extremamente importante que cada um de nós reforce pequenos gestos diários, contrariando uma atitude excessivamente consumista”, afirma Cláudia Marques-dos-Santos Cordovil, professora do ISA e coordenadora do NitroPortugal. Para promover uma maior consciencialização junto da população, os investigadores do ISA desenvolveram um website que permite a cada cidadão comum calcular a sua pegada de azoto, baseado em informação sobre comportamentos de consumo.