As castas dos vinhos da ilha do Pico que beneficiaram do Regime de Apoio à Reestruturação e Reconversão da Vinha (VITIS) vão ser analisadas, apesar de o Governo dos Açores estar convicto da legalidade dos processos.
Citado numa nota de imprensa do executivo dos Açores, o diretor regional da Agricultura afirmou que «não há indícios concretos que confirmem as suspeitas, nem se confirma a existência de castas comparticipadas no âmbito do programa VITIS fora do que está estipulado em termos legislativos».
As declarações de José Élio Ventura surgem depois de notícias de que foram plantadas no Pico castas espanholas de Verdejo e italianas de Verdecchio, não abrangidas pelos apoios públicos, em vez da casta Verdelho dos Açores.
O responsável disse que toda a documentação do ponto de vista fitossanitário, no âmbito das candidaturas aprovadas, atesta que se trata de castas «perfeitamente enquadradas na legislação em vigor», mas informou vai ser realizada uma análise mais pormenorizada, casta a casta, para apurar que tipo de Verdelho foi efetivamente plantado.
A análise genética e molecular do material vegetativo plantado é a única forma segura de confirmar se foram ou não plantadas castas que não se enquadram nos apoios atribuídos.
José Élio Ventura assegurou que, no caso de se confirmar que as castas no terreno não correspondem aos pressupostos das candidaturas, serão desencadeados os mecanismos previstos na lei.
Além deste caso, a Inspeção de Atividades Económicas dos Açores (IAEA) está a investigar alegadas práticas ilegais no comércio de vinhos do arquipélago, na sequência da denúncia de um grupo de produtores do Pico.
Segundo o presidente da IAEA, Paulo Machado, estão em causa importações de vinho do continente e de outros países europeus, a granel, engarrafado na região e «eventualmente a usar no rótulo» a Denominação DOP ou de IGP Açores.
A região possui 37 vinhos certificados, 14 produtores, três castas nobres e três regiões demarcadas: Biscoitos, na ilha Terceira; Graciosa e Pico.