DGAV torna mandatória a análise da carne de javali.
A Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) emitiu uma nota informativa relativa à deteção de Trichinella em javalis caçados em montarias nos concelhos da região de Trás-os-Montes, tendo determinado esta como área de risco, face “ao risco para a saúde humana decorrente do consumo de carne obtida de animais infetados” com esta parasitose.
Neste sentido, foram impostas medidas sanitárias adicionais, tenho a DGAV determinado, através do Edital 1/2018, que «todos os animais abatidos em atos venatórios (batidas, montarias ou ações de correção de densidade populacional com recurso a utilização de cães, com exceção das esperas, praticados na área destes concelhos, sejam submetidos a pesquisa de Trichinella antes de qualquer tipo de consumo, quer para colocação no mercado, quer para consumo doméstico privado».
A Triquinelose é uma doença causada por parasitas da espécie Trichinella.
Nos animais está frequentemente associada à infeção do porco doméstico (Sus domésticos) e do javali (Sus scrofa). O Homem também pode padecer desta doença, reconhecendo-se hoje que, na Europa Ocidental, a principal fonte de infeção para o homem ocorre por ingestão de carne de javali e de porco cozinhada a baixas temperaturas ou a produtos cárnicos (como é o caso de enchidos).
«No homem, os principais sintomas associados à Triquinelose incluem dor abdominal, náuseas, vómitos e diarreias, dores musculares, dificuldade respiratória, dificuldade em deglutir, edema das pálpebras. Em casos mais graves pode ocorrer insuficiência cardíaca e distúrbios neurológicos como dor de cabeça e vertigem», explica Madalena Vieira-Pinto, responsável pelo serviço de despiste de Trichinella em carne de javali, realizado desde 2016, no Laboratório de Tecnologia, Qualidade e Segurança Alimentar (TeQSA) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Neste laboratório a resposta é dada em 24 horas, após a receção das amostras, o que permite ao caçador ter uma resposta célere antes do consumo da carne dos animais caçados.
Mais acrescenta que, nas épocas venatórias 2016/17 e 2017/18, este serviço foi realizado de forma gratuita, devido ao financiamento do Safari Club International – Lusitania Chapter, tendo-se processado até à presente data quase 100 amostras.
Este despiste laboratorial deve-se ao facto da larva de Trichinella não ser visível a “olho nu” o que exige análise laboratorial para a sua deteção.
Atualmente, de acordo com a legislação em vigor, todas carcaças de javali destinadas a serem comercializadas para consumo humano têm de ser sistematicamente sujeitas à pesquisa de Triquinella como parte do seu exame post mortem, em matadouros ou em estabelecimentos de preparação de caça (Regulamento (CE) Nº. 854/2004 e Regulamento (CE) Nº 2075/2005).
Agora também o consumo doméstico privado passa a ter esta obrigatoriedade, “pelo menos nos concelhos da Região de Trás-os-Montes”, acrescenta a responsável do TeQSA.
Os caçadores e agentes interessados neste serviço deverão contactar previamente o laboratório TeQSA através do email mmvpinto@utad.pt ou do telefone nº 259 350 904 para posterior envio das amostras.