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Produzir tomate no Brasil é um verdadeiro desafio: vencer o clima tropical, o calor, a forte incidência de sol e a proliferação de pragas são os maiores obstáculos para os produtores deste país sul americano. Por este motivo, uma das principais armas é o melhoramento genético convencional, que produz variedades adaptadas às condições brasileiras.
Durante o último mês de junho, a revista VIDA RURAL esteve presente na 26ª Hortitec (Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas). Ali tivemos a oportunidade de conhecer o que existe de mais avançado para este segmento que cresce exponencialmente no Brasil, tratando de equilibrar a balança comercial externa do país que é gigante na venda de grãos, mas ainda um nicho na comercialização de hortofrutícolas.
No stand da Embrapa Hortaliças conhecemos o lançamento de uma variedade que se destaca pelas suas características nutricionais. O tomate BRS Zamir apresenta altos teores de licopeno( um pigmento antioxidante eficiente no combate aos radicais livres no organismo).
Integrante de uma geração de híbridos enriquecidos, o tomate BRS Zamir faz parte do segmento “grape” e alcança até 144 mg/g de licopeno. Isso é muito significativo, uma vez que os teores de outros híbridos comerciais disponíveis no mercado brasileiro atingem apenas cerca de 40 mg/g. Os frutos alongados do BRS Zamir possuem sabor adocicado com teor de sólidos solúveis de até 11° Brix.
“Outra característica de destaque desta cultivar é o gene que estimula o grau de bifurcação dos cachos, aumentando o número de frutos por penca. A cultivar é indicada para todas as regiões produtoras, em cultivo protegido ou em campo aberto no período seco. O tomate BRS Zamir apresenta potencial produtivo na ordem dos seis a oito quilos de frutos por planta quando cultivado em ambiente protegido”, aponta a Embrapa.
De acordo com Wanderson Mizael, do desenvolvimento de mercado da Seminis (negócio de sementes de Hortaliças da Bayer), o melhoramento genético é a peça chave para o tomate brasileiro. “O que é que a genética trabalha? É como se fosse um quebra-cabeças: na hora que se coloca uma peça, desencaixa outra. Por exemplo, se você insere um gene de resistência ao geminivírus, vai perder-se potencial produtivo, um Brix mais doce, a uniformidade de calibre – que é base da rentabilidade. Então haverá sempre um gap, por isso os programas de melhoramento nunca param. O nosso desafio é desenvolver a resistência, mas sem perder as qualidades”, explica ele.
Nesse sentido, a Seminis apresentou na Hortitec o Tomate Coronel, um híbrido que foi desenvolvido para as regiões Sudeste e Sul do Brasil. De acordo com a fabricante, possui “excelente potencial produtivo, além de excelente cobertura foliar prevenindo queima de frutos pelo sol”. Com produção de frutos firmes que variam de 200 a 230g com alto brilho, facto que chama atenção na banca, o Coronel possui elevada rusticidade e adaptabilidade mantendo um excelente comportamento em condições de cultivo de verão.
O líder de marketing e desenvolvimento de produto da América do Sul da Seminis, Fernando Guimarães, explica que além de possuir um excelente potencial produtivo, o híbrido produz frutos firmes que variam de 200 a 230g e que possuem alto brilho. “Esse é um fator que chama muito a atenção do consumidor na gôndola. Sabemos que o aspeto, sabor e praticidade são os fatores decisórios de compra do consumidor quando falamos em frutas e hortaliças. Por isso, é preciso estarmos atentos às necessidades do mercado, tanto para atender às expectativas dos produtores como dos consumidores”, detalha Guimarães.
Outro tomate desenvolvido para vencer as dificuldades da agricultura tropical brasileira é o Compack. Segundo a Seminis, é um tomate de plantas robustas, frutos com “excelente firmeza, paredes grossas, alta uniformidade de tamanho e formato. Frutos de elevada qualidade, brilhantes e com melhor classificação comercial. É o tipo ideal para saladas”.
Já o tomate Santawest é preparado para enfrentar um dos grandes desafios dessa cultura no Brasil: o vírus do mosaico do tomateiro (TYLCV). Além da resistência a esse vírus, o tomate do tipo grape tem um peso médio de 15 a 20g, que oferece um alto rendimento e excelente aparência, uma vez que possui uma cor vermelha mais intensa e alta tolerância ao rachamento de fruto. O sabor também é um diferencial: é mais adocicado, permitindo que seja servido como petisco.
Por fim, conferimos o tomate DRC 564, ou “Cocktail”, que é do tipo mini gourmet (18 a 22g/fruto) para colheita em pencas, com qualidade e aspecto que se destacam na gôndola. O fruto possui coloração vermelha bem atrativa, excelente aparência, sabor e doçura. Pode ser conduzido tanto em cultivo protegido, quanto em campo aberto. Possui alta resistência ao TSWV (um dos vírus causadores do Vira-Cabeça).
“O que nós estamos a produzir não é simplesmente um tomate, nem veneno que vai intoxicar as pessoas. O que está a ser produzido no Brasil é algo que vai nutrir e gerar saúde. Esse é o objetivo dos investigadores. Pensamos: o que um Coronel ou um Compack pode agregar de potencial produtivo e qualidade de fruto para o produtor? Mas também pensamos da porta para fora – o que vai ser gerado para o consumidor final, um alimento saudável, fresco por mais tempo”, conclui Wanderson Mizael.
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Fonte: Vida Rural