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“2018 foi mais um ano difícil para os produtores de leite em Portugal”. É assim que a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) faz o balanço do último ano, referindo que o desafio para 2019 é “aumentar o preço do leite ao produtor”.
De acordo com a associação, em 2018, “assistimos à implementação da rotulagem da origem do leite, mas ainda não vimos o resultado dessa opção no rendimento dos agricultores. Sentimos um aumento da procura de leite por parte das grandes superfícies comerciais que procuram garantir o abastecimento regular das suas lojas com leite nacional, respondendo assim à preferência dos consumidores, mas continuámos durante todo o ano com preços abaixo dos custos de produção e da média europeia. Segundo os últimos dados disponibilizados pela Comissão Europeia através do Observatório Europeu do Leite, tivemos em outubro um preço médio de 31,1 cêntimos/kg em Portugal, estando na Europa um preço médio de 35,9 cêntimos. Quase 5 cêntimos de diferença!”
“Não existindo em Portugal dados oficiais sobre o custo médio da produção de leite, estimamos que o seu valor se situe acima de 37 cêntimos por kg. As ajudas que os agricultores recebem da PAC não compensam essa diferença, têm vindo a ser reduzidas e as perspetivas após 2020 são negativas. Para resistir, os agricultores têm adiado investimentos e não retiram para si e para as suas famílias um salário digno, compensador do trabalho necessário para o cultivo dos campos e o cuidado dos animais”, acrescenta a Aprolep.
Segundo a Aprolep, em agosto de 2018, existiam em Portugal um total de 4578 produtores de leite, menos 200 do que no período homólogo. Para além disso, o abandono da atividade é cada vez mais significativo em Portugal Continental, “onde o número de produtores passou a ser inferior ao número de produtores açorianos desde fevereiro”.
“Falta visão e falta ambição no setor leiteiro. Por isso, enquanto associação representante dos produtores de leite que não desistiram, vimos aqui deixar alguns desafios ao Governo, à distribuição e à indústria. Desafiamos o Governo a avaliar o resultado da rotulagem da origem do leite para verificar porque não chegou ainda valor acrescentado aos produtores e a bater-se a nível europeu por um mercado responsável que impeça futuras crises de excesso de produção. Desafiamos a indústria a transformar e valorizar mais o leite para reduzir importações, aproveitar oportunidades de exportação e partilhar valor com o produtor. E desafiamos a distribuição a seguir o exemplo que adotou na França e negociar com a indústria transformadora para assegurar aos produtores um preço mínimo de 37 cêntimos”, pede ainda a Aprolep.