Comecemos por dizer que só um patetinha ou um mal-intencionado, ignora as evidências do aquecimento global. E só um criminoso despreza os seus potenciais efeitos. As alterações climáticas fazem parte da vida e história deste nosso planeta, mas nunca (que se saiba) ocorreram a uma velocidade tão rápida. Não percamos tempo a discutir quem é o maior responsável porque, quando tivermos a certeza… poderá ser tarde de mais.
Por: George Stilwell
Dito isto proponho que se discuta um pouco o papel e a origem do metano que foi tão falado quando o Reitor da Universidade de Coimbra resolveu eliminar o consumo de carne nas cantinas sob a sua gerência. É mais que óbvio que este tipo de iniciativa é demagógico e nem parece partir de uma instituição destinada a promover e a divulgar o conhecimento científico. O Sr. Reitor provavelmente não percebeu como é ínfimo o impacto da sua medida na emissão de metano, nem qual é o verdadeiro peso das vacas nessa emissão e nem, de certeza, como a medida é potencialmente desastroso para um sector da economia e para o bem-estar de muitos agricultores.
Vale a pena o sacrifício? Claro que não? Numa altura de avalanches de mentiras e meias verdades sobre a produção animal, o reitor apenas contribuiu para acrescentar confusão e criar mais fantasmas na cabeça de muita gente. Aproveitar a ignorância geral?
Na verdade, não haverá qualquer impacto significativo na qualidade do ambiente global até porque, o que substituirá este ingrediente terá igualmente um efeito nefasto (quer substituir por soja da floresta amazónica?). Aliás, uma ideia igualmente genial – porque não oferecer 50% do ordenado para cobrir o deficit da universidade. Teria impacto nulo? Talvez, mas seria um exemplo. Aqui não é o espaço nem há espaço suficiente para elucidar o que realmente acontece na relação do metano com o efeito estufa.Mas tentaremos, pelo menos, transmitir alguma informação científica.
Comecemos pelo mais básico – o que é o metano? É uma molécula composta por carbono, ligada a quatro átomos de hidrogénio e que, em linguagem química, se representa por CH4. O metano é essencialmente produzido por certas espécies de bactérias que o excretam quando digerem o seu alimento, como a celulose.
É verdade que este gás é produzido pelas bactérias que existem no rúmen (primeiro compartimento gástrico) das vacas, ovelhas, cabras, búfalos, gnus, veados, impalas… e é depois eructado (que é outra forma de dizer arrotado) para a atmosfera. Também é verdade que é um gás com um enorme potencial de causar o tal efeito estufa ao ser muito mais eficaz do que o dióxido de carbono (CO2) a reter o calor na nossa atmosfera.
No entanto, é muito instável, sendo decomposto em cerca de 20 anos, enquanto o CO2 durará centenas de anos. Ou seja, o CO2 é mais abundante, continua a ser produzido em grandes quantidades e perdura na atmosfera muito mais tempo. Talvez seja da Universidade de Coimbra proibir os seus docentes a viajar de carro e avião!
E qual é o peso deste gás no estabelecimento do efeito estufa? Apesar de se ter verificado um aumento significativo da quantidade emitida desde o início da actividade industrial humana, este continua a ter uma concentração diminuta, centenas de vezes menos abundante do que o CO2. Ao contrário das tais mentiras que são amplamente difundidas e ampliadas nas redes sociais, e em filmes com pouco ou nenhum suporte científico, o contributo do metano para o efeito estufa rondará os 10%. E, como se verá mais abaixo, nem todo vem dos ruminantes.
Continua
Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 33
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Fonte: Agrotec