Açores: O paraíso para pragas e doenças

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A Terra Verde – Associação de Produtores Agrícolas dos Açores, no âmbito do seu trabalho de campo e de apoio aos produtores dos Açores, alerta para a necessidade de encontrar soluções que respondam de forma rápida e eficaz no combate de pragas e doenças.

Por: Sílvia Bulhões – Terra Verde

Se é verdade que os Açores reúnem condições ideais para uma diversidade enorme de culturas, é também verdade que oferece todas as condições para o desenvolvimento de pragas e doenças.

Produções de banana, ananás, anona, maracujá são já conhecidas pela maioria das pessoas que vive e conhece os Açores. No entanto, é possível encontrar em algumas quintas, e com sucesso, exemplares de pitaia, pitanga, abacate, café, manga, papaia, cogumelos, entre outros.

Apesar do potencial para produzir as mais variadas culturas, a questão do controlo de pragas e doenças é a grande preocupação dos produtores dos Açores, não só na área da fruticultura, mas também na horticultura e floricultura.

Situados em pleno oceano, os Açores sofrem a influência de um clima marcadamente marítimo, caracterizado por temperaturas amenas de fraca amplitude térmica diária e anual, pluviosidade elevada e percentagens elevadas de humidade relativa do ar (75% e 95%).

As condições climatéricas desempenham um papel extremamente importante na incidência de pragas e doenças, na medida em que fatores como radiação, temperatura, humidade, luz e vento influenciam o desenvolvimento, a distribuição e a abundância de pragas e doenças.

No que diz respeito a humidade elevada bem característica dos Açores, a produção de algumas culturas traduz-se num verdadeiro desafio, é o caso da cultura da batata, produzida em determinadas zonas da ilha de São Miguel, que ainda que sejam variedades resistentes, a sua produção é largamente comprometida pela combinação entre temperatura amena e humidade relativa elevada.

Na maioria das vezes torna-se quase impossível cumprir as recomendações de 7-10 dias de intervalo entre aplicações recomendadas. Ao longo dos anos, os produtores vivem o dilema entre respeitar as recomendações do rótulo e perder a cultura ou reduzir o intervalo entre dias de aplicação, correr o risco de haver resíduos no produto final e sofrer as consequências. Até ao momento, não há qualquer estudo nos Açores que avalie a persistência de um fungicida em condições de humidade relativa extrema.

Um trabalho que seria muito interessante e que serviria de apoio à decisão e uma salvaguarda para o produtor. Pior do que existir soluções para controlo de pragas e doenças e não serem eficazes, é não haver soluções!

Sustentabilidade na atividade agrícola nos Açores

No caso dos produtores de maracujá dos Açores, um produto com características sui generis, a situação é igualmente preocupante. Sendo um produto com Denominação de Origem Protegida, o caderno de especificações obriga a que as plantas jovens sejam produzidas por via seminal, assim, os produtores seleccionam os melhores frutos da sua produção para o efeito.

Atendendo à quantidade de doenças que têm surgido ao longo dos últimos anos na cultura do maracujá, bem como à inexistência de soluções eficazes para o seu controlo, parece-nos interessante trabalhar na indução de resistências às plantas de maracujá dos Açores.

Nos últimos anos, a incidência de doenças fúngicas nas plantas de maracujá tem vindo a aumentar, inclusive os produtores começaram a substituir as plantas após o primeiro ano de produção, como forma de garantir produções homogéneas, reduzir a incidência de doenças e consequentes perdas de produção

Existindo um número muito reduzido de produtos fitofarmacêuticos ao dispor dos produtores de maracujá, tem sido praticamente impossível controlar os danos. Assim, é frequente encontrar frutos sem valor comercial e que são encaminhados para a transformação.

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 33

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Fonte: Agrotec

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