A viticultura biológica da família Symington

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A família Symington, uma das mais antigas ‘famílias do Vinho do Porto’ pratica na Quinta do Ataíde e na Quinta da Canada a viticultura biológica. Com um total combinado de 112 hectares (mais 14 hectares em duas outras quintas), que representa a maior área de vinha de produção biológica em Portugal. A Syminton tem um total de 28 quintas que, fora estas áreas, estão em produção integrada.

Seguindo para o extremo nordeste do Douro Superior chegamos a um vale onde parece que não estamos no Douro, onde não se vê o rio nem há socalcos. O Vale da Vilariça é protegido por duas ‘paredes de granito’ criando um vale fértil e com um microclima de características mediterrânicas. Mas “é uma das zonas mais secas de Portugal, chove menos do que na Amareleja”, refere o administrador José Álvares Ribeiro, que nos recebeu com o responsável de viticultura do grupo, Pedro Leal da Costa. Por isso vinha e olival têm rega gota a gota.

Contígua à Quinta do Ataíde, a Symington comprou recentemente a Quinta do Carrascal que também tem olival (principalmente) e vinha, sendo as duas propriedades agora geridas em conjunto, explica-nos o administrador.

As características da região levaram a Syminton a apostar na agricultura biológica na Quinta do Ataíde que, ao nível da viticultura tem ainda duas outras particularidades: “pode ser considerada ‘o berço da Touriga Nacional no Douro’” e tem um campo ampelográfico, plantado em 2014 pelo enólogo do grupo, Charles Symington, com 53 castas diferentes da espécie Vitis vinifera, sendo 29 tintas e 24 brancas, incluindo castas autóctones cuidadosamente selecionadas de vinhas antigas de toda a região do Douro, assim como de outras regiões vitivinícolas portuguesas e ainda algumas castas originárias de outros países.

Quanto à Touriga Nacional, na década de 70 do século passado, Miguel Côrte-Real o responsável de viticultura de John Henry Smithes, membro de terceira geração da família Smithes, mandou vir de França porta-enxertos livres de vírus com os quais estabeleceu um viveiro próprio da empresa, conhecido como a Vinha de Pés-Mães e fez uma seleção cuidadosa de 1.800 das melhores varas de Touriga Nacional da Chousa (quinta contígua) para enxertar na Quinta do Ataíde quando esta foi adquirida em 1980.

Symington - Viticultura Sustentável - Vida Rural

O sucesso destas novas vinhas de Touriga Nacional atraiu a atenção de muitos agricultores, e a Quinta do Ataíde tornou-se, desde a década de 80, uma das principais fontes de varas desta casta para um número significativo de plantações no Douro. Desta forma, o trabalho desenvolvido na Quinta do Ataíde foi determinante para salvar a Touriga Nacional, contribuindo para a reintrodução desta casta em Portugal.

Viticultura de precisão

Sobre o campo ampelográfico, Pedro Leal da Costa explica-nos que “temos 200 plantas de cada casta, clones que vieram de vários sítios e este ano já vamos fazer vinificação de algumas uvas, mas o objetivo é estudar a resistência a doenças e pragas, se são mais precoces ou tardias, em conjunto com a UTAD”.

O responsável de viticultura conta que, no sentido de conseguirmos praticar uma viticultura mais sustentável, “em todas as quintas demos formação aos tratoristas, caseiros e agrónomos, por exemplo, na utilização racional dos pulverizadores para reduzirmos a quantidade de produto e o número de aplicações”, acrescentando que “temos vindo também a reduzir o consumo de água e pesticidas, usando doses mínimas, medidas por papel hidrosensível. Todos os pulverizadores foram calibrados e compramos novos”. Pedro Leal da Costa diz ainda que “não fazemos tratamentos preventivos e tentamos concentrar tudo em três/quatro dias, e também optamos por vezes por não tratar áreas pequenas, poupando assim cerca de 960 horas de trabalho”.

Pedro Leal da Costa revela ainda que na Quinta do Ataíde “usamos também mapas de NDVI para apoio à decisão, analisando de forma pormenorizada todas as variáveis possíveis e podermos atuar só onde e quando é necessário”. Entre as cartas analisadas estão os infravermelhos, a hipsometria (altitude), ortofotomapa, declives, radiação solar incidente, orientação das parcelas, ortofotomapa em infravermelhos, carta de solos, entre outras.

José Álvares Ribeiro salienta que “um dos custos mais elevados do Modo de Produção Biológico é a retirada das ervas, pelo que temos parceria com produtor que coloca aqui as suas ovelhas”.

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