A sustentabilidade é rentável. Sim, é uma afirmação

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Já se sabe que a indústria corticeira faz parte da estratégia de sustentabilidade do setor vitivinícola. Uma rolha de cortiça anula e ainda dá créditos nas emissões de CO2 de uma garrafa. António Amorim, presidente da Corticeira Amorim, e um dos oradores do Climate Change Leadership , sabe disso como ninguém. E foi com o vozeirão e a assertividade do costume que avisou com ironia: “Não comprem vinho com rolhas plásticas!”.

Mas só isto não chega. Amorim sabe que podemos fazer muito melhor se fechar o círculo da economia circular com programas de reciclagem. A empresa que representa já está a trabalhar nesse ponto há alguns anos, com um programa de reciclagem de rolhas com cadeias hoteleiras e retalhistas: “ É claramente um dos pontos onde podemos fazer muito mais e melhor”, frisa.

Perante a questão do moderador, o britânico Richard Halstead (co-fundador da empresa Wine Intelligence) sobre se esta mudança [políticas para a sustentabilidade] não implica um custo acrescido que o consumidor pode não estar disposto a pagar, António Amorim não tem dúvidas: “Desenganem-se. A sustentabilidade não é inimiga da rentabilidade”. Com todas as letras… e burburinho na plateia. Explicação: o consumo de vinho biológico está a crescer 15%! Alguns dos vinhos mais caros no mercado provêm de vinhas biológicas ou assumidamente de produção orgânica, 42% dos consumidores norte-americanos são millennials com preocupações ecológicas. Isto não é mercado? Desta vez a plateia acena com a cabeça em concordância. Está explicado. Mas não acabou o discurso sem apelar ao compromisso: “Isto tem de ser prioridade. Há fundos de investimento que só investem em sustentabilidade, não é só conversa. Mas temos de sair daqui comprometidos com esta mudança”. O moderador está cético: “Só se sairmos daqui todos de comboio”, ri.

Produtos sustentáveis não podem ser premium

Ao lado de António Amorim, Paul Willgoss, diretor de Tecnologia de Alimentação da Marks & Spencer, quer combater a ideia que os produtos que resultam de práticas agrícolas sustentáveis devem ser mais caros e estar no segmento premium: “Se forem premium serão sempre tratados como produtos de nicho e a ideia é que estes produtos se generalizem e fiquem acessíveis a todos”, defende. Paul Willgoss também aposta no conceito da economia circular e acredita que há uma mudança real do consumidor, muito ajudada por hábitos alimentares e dietas mais sustentáveis. Estamos mais envolvidos e conscientes como consumidores, aprendemos com os erros do passado e, neste momento, “a utilização do plástico passou a ser mais responsável”. A ocasião perfeita para António Amorim puxar a brasa à sua sardinha: “é como vos digo, não comprem vinho com rolhas plásticas”… [risos]

O primeiro dia do Climate Change Leadership está a terminar. Da minha parte, contem comigo: vou a pé para o hotel. #combateapegadadecarbono

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