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Citando Graeme Taylor, Director de Comunicação da ECPA (European Crop Protection Association) “vivemos na era da política da pós-verdade, em que o rumor, o ‘mexerico’ e a desinformação podem disseminar-se a uma velocidade alarmante. As pessoas tendem, cada vez mais, a dar maior importância à fonte de onde vem uma determinada informação, do que à veracidade dos factos nela incluídos.”
As pessoas são, hoje, inundadas de “informação”. A combinação do crescente acesso às plataformas tecnológicas, como as redes sociais, em que existe cada mais vontade em acreditar, com o decrescente impacto dos media convencionais, torna a comunicação científica cada vez mais difícil. As redes sociais não são uma ciência e, muito menos, encerram a verdade científica; mas são fortes na comunicação. E são reconhecidas, por uma larga camada da população, como realmente credíveis.
Os políticos, sobretudo os da UE, dão suporte e reconhecem a importância da investigação científica, mas, em regra, tendem a ignorar ou a menosprezar os seus resultados, se estes lhes são politicamente inconvenientes. Esta situação tem tido implicações para todos nós, nomeadamente através dos debates e decisões (e indecisões) que têm lugar em Bruxelas.
A indústria de protecção de plantas tem sido mal compreendida e, mais do que isso, tem sido um alvo fácil da desinformação. É duro ouvir com alguma frequência, alguém dizer-nos que só produzimos “venenos” que contaminam o Homem e o Ambiente, quando, na verdade, investigamos e desenvolvemos soluções sem as quais não seria possível alimentar esse mesmo Homem, ao mesmo tempo que se protegem os recursos naturais; quando grande parte do investimento da indústria é destinado, precisamente, ao uso correcto, seguro e sustentável dessas mesmas soluções.
Por outro lado, a indústria tem que ter a humildade suficiente para reconhecer as suas falhas, sobretudo, ao nível da comunicação. Tem sido um sector fechado, em alerta, mas pouco aberto às “luzes da ribalta”. Alerta, mas esperando, sentado, o ataque, para logo esboçar uma reacção. Esta posição tem levado a uma deficiente interpretação do nosso papel e, de alguma forma, de que não estamos a ser completamente honestos. Comunicar proactivamente e fazê-lo “fora da bolha”, de forma transparente, é fundamental para ganhar a confiança e credibilidade indispensáveis para o futuro da produção agrícola. Porque futuro da indústria assenta no reconhecimento de todos quanto à inovação e tecnologia que proporciona – produtos e serviços que contribuem decisivamente para um dos maiores desafios da sociedade, produção de alimentos hoje e amanhã -, a sociedade tem que saber e, consequentemente, poder reconhecer que a indústria se preocupa com a forma como os seus produtos são utilizados e o quanto investe nesse objectivo, e que os produtos fitofarmacêuticos são também eles fundamentais para o futuro da sociedade.
A ciência que proporciona este mesmo futuro sustentável tem que ser compatível com a política, que decide e regula a disponibilização destas soluções aos produtores agrícolas. A política tem que acreditar na ciência e os políticos têm que se sentir seguros na sua tomada de decisão, considerando os factos suportados pela evidência científica. A ciência, por seu turno, tem que mudar o paradigma da comunicação. Focar-se nos benefícios para a sociedade, e dar aos políticos a tranquilidade de que necessitam para as suas decisões.