Por: Filipa Silva | Engenheira e antiga estagiária no Instituto Canário de Investigações Agrárias
Parte I
A bananeira é a principal cultura do Arquipélago Canário, sendo uma cultura subtropical, produzida em seis das sete ilhas (Galán et al., 1984; Galán e Cabrera, 1992). A agricultura nas Canárias é a actividade mais importante a seguir ao turismo, sendo a cultura da banana a mais importante (Galán, 2010).
Segundo a FAO em 2013 produziram-se 361 000ton em Espanha, o que representa menos de 1% da produção mundial, num total de 9 141ha, sendo Tenerife a ilha produtora principal.
No ano de 2011, a área destinada à produção de banana representou 23% da superfície agrícola total de todas as Ilhas Canárias. No mesmo ano, a produção representou um valor de 130×106€, 28,58% de todo o valor gerado pela produção agrícola, sendo de longe o valor mais importante (Governo de Canárias, s/d).
As Ilhas Canárias estão entre as zonas mais produtivas do mundo, com um maior rendimento por hectare, quando comparado com a produtividade média mundial de 21ton/ha (MARM, 2009). Em boas condições de cultivo, a produção média de bananas é perto de 40ton/ha, embora existam explorações que conseguem atingir rendimentos superiores a 100ton/ha (Robinson e Galán, 2010).
Nas Ilhas Canárias, está presente uma situação geográfica muito peculiar e uma grande diversidade de microclimas, passando-se de zonas muito secas e quentes para ambientes húmidos e frescos em poucos quilómetros. Por isso, o agricultor tem adaptado os seus ciclos produtivos e operações culturais da forma que melhor se adaptem às condições da sua exploração. Assim, quando em alguns lugares se está a terminar a colheita, em outros está-se a iniciar, podendo haver colheita todo o ano (Galán e Cabrera, 1997 e 1999).
Os dados de 2011 revelam a existência de 10 300 produtores, em 10 475 explorações, sendo que 82% das mesmas têm uma área inferior a 1ha, sendo 30% em modo de produção biológico. O pequeno tamanho das explorações de bananeiras dificulta naturalmente o alcance de economias de escala (Biomusa, s/d).
A produção de banana nas Ilhas Canárias é baseada principalmente num sistema de minifúndio. O trabalho realizado é de carácter artesanal, sendo que cada planta é acompanhada uma a uma, permitindo classificar esta banana como um produto de qualidade que consegue grande aceitação no mercado europeu, não só pelas suas qualidades organolépticas, mas também pelos esforços dos agricultores em reduzirem a aplicação de pesticidas e adubos químicos conseguindo que seja mais saboroso e saudável (Biomusa, s/d).
Competição com o turismo
A área reduzida existente nas ilhas torna a produção mais vulnerável, sobretudo nos terrenos rurais, onde se instalam muitas infraestruturas urbanas, levando à perda de superfície agrícola útil, muitas vezes de melhor qualidade.
Houve um aumento das urbanizações turísticas em zonas costeiras explicando assim o decréscimo da produção desde 1981, tendo no entanto os rendimentos aumentado consideravelmente (Domínguez et al., 2013c).
Nas Ilhas Canárias, esta cultura vive uma grande competição com o turismo, sendo a sua área de cultivo cada vez menor, uma vez que também existe a procura de culturas alternativas por parte dos agricultores, devido à incerteza da continuação dos subsídios da União Europeia, que sem os quais, a cultura não é economicamente viável (comunicação oral, Cabrera, 2015).
As bananas têm origem a partir de duas espécies diplóides selvagens, Musa acuminata Colla e Musa balbisiana Colla.
(Continua).
Nota: Este artigo foi publicado na edição n.º 23 da Revista Agrotec.
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