A afirmação da sustentabilidade na Fladgate Partnership

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Quando pedimos à The Fladgate Partnership para falar de viticultura sustentável, e do seu modelo de vinha para a região premiado em 2009, bem como da parcela biológica da Quinta do Panascal (Fonseca), uma das mais antigas no Douro, o convite foi imediato: “têm de cá vir e ver pessoalmente”.

Na Quinta da Roêda (Croft), o responsável de viticultura da Fladgate, António Magalhães, recebe-nos com orgulho de mostrar ‘uma das meninas dos seus olhos’. “A Roêda tem 80 hectares de vinha, num total de 120 e ainda temos algumas vinhas desenhadas de acordo com os chamados ‘patamares do PDRITM’ [Programa de Desenvolvimento Regional Integrado de Trás-os-Montes] – patamares de dois bardos e ao alto – que levou à plantação de mais de 500 hectares aqui no Douro, mas para nós bastaram dois anos para ver que este modelo era um desastre ecológico, não sendo sustentável, nem ambiental nem socialmente”. E António Magalhães salienta “como viticultores de montanha temos uma grande preocupação com a arquitetura do terreno para travar a erosão. Na encosta da Quinta da Roêda, temos vários modelos de vinha inteiramente criados de raiz por nós: sempre que a encosta tem menos de 35% de declive temos a vinha ao alto que permite uma maior mecanização e cerca de 400horas/trabalhador/ha/ano – por comparação com as 800/1000h trabalhador/ha/ano na vinha tradicional – e a caminho do segundo modelo o responsável mostra-nos que a empresa apostou também em plantar olival em bordadura, bem como fez estradas e taludes (com nova linha de oliveiras), tudo com inclinação especial para escoar as águas.

“Há 15 anos atrás trouxemos a novidade de adaptar as castas ao local, colocando-as no melhor sítio possível, tendo em conta as suas características. Este puzzle de castas é a primeira grande afirmação de sustentabilidade da viticultura porque diminui consideravelmente os tratamentos”, afirma o responsável, adiantando que “reduzimos em 70% a aplicação de herbicidas, usando herbicida de contacto só na linha da videira”.

viticultura sustentável

Chegados junto à vinha com o segundo modelo, com que a empresa ganhou o prémio BES biodiversidade em 2009, António Magalhães explica que “é um modelo sustentável em todos os aspetos, este de patamar estreito, e aqui está feito há 12 anos sem ter sinais de erosão, porque respeita a arquitetura do terreno, é feito com buldozers guiados por laser que garante um declive longitudinal de 3%”. A precisão deste declive longitudinal dos patamares é uma inovação que assegura o compromisso desejável entre a infiltração e o escoamento ao longo do patamar da chuva em excesso sem haver erosão e a cobertura dos taludes é feita com ervas autóctones, que no verão secam totalmente e são cortadas duas vezes por ano.

O responsável de viticultura assegura que apesar de ter apenas uma linha de videiras “temos a mesma ou até mais produção do que nos do PDRITM porque reduzimos o espaço entre as plantas”. Hoje este modelo tem vindo a ser adotado em todas as 11 quintas da empresa, bem como um pouco por toda a região.

Sobre a possibilidade de passar a produção a biológica, defende que “aqui no Douro não precisamos de ser biológicos para ser sustentáveis, aprendemos isso com a vinha biológica que temos desde 1992 na Quinta do Panascal, mas que ainda mantemos”, isto apesar da Fladgate ter ainda uma outra propriedade totalmente em MPB – a Quinta de Sto António – e de dois dos 74 produtores com quem a empresa trabalha estarem em biológico, mas “os outros renderam-se a este modelo de sustentabilidade”.

António Magalhães diz ainda que “quando plantamos vinhas, plantamos também trevo na entrelinhas mas depois são as ervas autóctones que vão nascendo ao longo dos anos e todos os anos em março fazemos um inventário das ervas, o que nos dá uma ideia da dinâmica das entrelinhas, se temos mais gramíneas ou leguminosas, ajudando a planear a fertilização”, explica ainda que “desde o ano 2000 que decidimos enviar cartas aos nossos 74 viticultores a explicar as nossas decisões para eles irem acompanhando, apesar de termos um técnico que trabalha com eles a tempo inteiro. Assim, ficam sempre a saber todos os tratamentos e produtos que usamos e isso é aberto a toda a região: não fazemos segredo de boas decisões”.

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